segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Alien X Predador 1 e 2


Ambos sendo propriedade do mesmo estúdio (Twenthy Century Fox) e tendo protagonizado em conjunto uma HQ (depois tornada famoso videogame), era inevitável que o faro mercantilista dos produtores hollywoodianos viesse a aproveitar o encejo e unir os famosos alienígenas de “Alien” e “O Predador”, ambos marcantes, cada qual à sua maneira, à cultura pop: O marco-zero referencial para esse encontro é considerada a cena final de “Predador 2” na qual o personagem de Danny Glover entra na nave do Predador e lá encontra um crânio de Alien!
O escolhido para comandar essa empreitada foi Paul W. S. Anderson (certamente devido à sua percepção vertiginosa da dinâmica filme/ videogame demonstrada com fulgor incontrolável em “Resident Evil”) que terminou abraçando um roteiro que estranhamente contrariava alguns aspectos da mitologia dos filmes originais –sobretudo, “Alien”.
O primeiro aspecto que soa antagônico em relação aos demais esforços de estabelecer paralelos entre todos os filmes é o fato da trama integralmente se situar na Terra e no presente: Sabemos, portanto, que ao longo de todos os filmes que protagoniza, a Tenente Ripley executa um esforço homérico para impedir que a criatura chegue à Terra –este filme, assim sendo, termina por banalizar esse detalhe ao revelar que os Aliens, afinal, já haviam estado aqui antes.
Cedendo ao óbvio, o roteiro escrito por Anderson com o auxílio de Dan O’ Bannon e Ronald Shusett (acredite se quiser, os mesmos roteiristas do “Alien” original) gira em torno da estarrecedora descoberta arqueológica de uma pirâmide em plena Antártida (!), o quê justifica a ida de uma equipe selecionada de exploradores até lá, incluindo o líder de tal expedição, Charles Weyland (personagem que leva o nome das indústrias por trás da nave-cargueiro Nostromo, e que é ainda intepretado por Lance Henriksen, o andróide de “Aliens-O Resgate”), e a pretensa ‘Ripley da vez’ na personagem nada carismática e absolutamente genérica de Sanaa Lathan que somos obrigados a engolir como a grande heroína da produção.
A pirâmide em questão guarda segredos acerca da visitação de seres extraterrestres no passado. E esses seres, sabemos de antemão, são os Predadores –que ao menos concervam as características dos filmes anteriores, como caçadores espaciais interessados exclusivamente na emoção da caçada.
Já os aliens são como instrumentos usados pelos predadores como um rito de passagem para os indivíduos mais jovens de sua espécie; e a despeito dessa simplificação grosseira, são eles que atacarão os humanos usando-os como hospedeiros (numa cena pífia, onde é empregada uma desnecessária referência ao bullet-time de “Matrix”) para evoluir à forma poderosa e mortal que eles ostentam no filme de Ridley Scott.
Dessa forma, é o alien em sua periculosidade incondicional quem ganha a alcunha de grande ameaça do filme relegando o predador, a partir de um determinado ponto da trama, ao papel ingrato de ‘amiguinho’ dos humanos.

Embora ficasse clara a baixa qualidade do filme em comparação, sobretudo, às obras cinematográficas brilhantes que o inspiraram, o crossover caiu nas graças daquele público pouco exigente com a história e o contéudo, e bastante ávido por ação e pirotecnia que volta e meia acaba fazendo de um filme bem obtuso um sucesso de público –com frequência, após seu lançamento em homevideo.
Foi a satisfação desse público que justificou uma continuação –ou nem isso –lançada três anos depois. Desta vez dirigido pelos especializados em videoclipe Greg e Colin Strause, o novo filme estabelecia poucas conexões com o anterior, optando por novos protagonistas, uma nova ambientação e uma nova premissa; verdadeiramente relacionável com o outro filme era seu início (que correspondia ao final do outro) onde pudemos ver o bizarro nascimento de um híbrido entre Alien e Predador (!) –e a julgar pelo desenvolvimento do filme, muita gente achou que isso era uma boa idéia...
A nave onde se dá o surgimento deste ser acaba caindo na Terra, mais precisamente numa cidadezinha canadense, onde não só esse bicho estranho ameaça a população como também uma infestação de aliens originais.
Essa algazarra atrai, lá de seu planeta de origem, um Predador veterano (o único que, de fato, aparece no filme) que vêm a Terra disposto a lutar contra uma criatura tão singularmente desafiadora ao lado do novo herói da produção, um... entregador de pizza?!?
Ainda mais banal que o filme anterior (provando que, ao contrário do que dava impressão, isso não era impossível de acontecer), este novo encontro das duas famosas espécies de alienígenas parece ter sido feito para atender o nicho que gostou do filme anterior: Os fãs de filmes descerebrados de ação que apreciaram a pancadaria e a pirotecnia em detrimento de qualquer ideia mais elaborada.

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