Ambos sendo propriedade do mesmo estúdio
(Twenthy Century Fox) e tendo protagonizado em conjunto uma HQ (depois tornada
famoso videogame), era inevitável que o faro mercantilista dos produtores
hollywoodianos viesse a aproveitar o encejo e unir os famosos alienígenas de
“Alien” e “O Predador”, ambos marcantes, cada qual à sua maneira, à cultura
pop: O marco-zero referencial para esse encontro é considerada a cena final de
“Predador 2” na qual o personagem de Danny Glover entra na nave do Predador e
lá encontra um crânio de Alien!
O escolhido para comandar essa empreitada foi
Paul W. S. Anderson (certamente devido à sua percepção vertiginosa da dinâmica
filme/ videogame demonstrada com fulgor incontrolável em “Resident Evil”) que
terminou abraçando um roteiro que estranhamente contrariava alguns aspectos da
mitologia dos filmes originais –sobretudo, “Alien”.
O primeiro aspecto que soa antagônico em
relação aos demais esforços de estabelecer paralelos entre todos os filmes é o
fato da trama integralmente se situar na Terra e no presente: Sabemos,
portanto, que ao longo de todos os filmes que protagoniza, a Tenente Ripley
executa um esforço homérico para impedir que a criatura chegue à Terra –este
filme, assim sendo, termina por banalizar esse detalhe ao revelar que os
Aliens, afinal, já haviam estado aqui antes.
Cedendo ao óbvio, o roteiro escrito por
Anderson com o auxílio de Dan O’ Bannon e Ronald Shusett (acredite se quiser,
os mesmos roteiristas do “Alien” original) gira em torno da estarrecedora
descoberta arqueológica de uma pirâmide em plena Antártida (!), o quê justifica
a ida de uma equipe selecionada de exploradores até lá, incluindo o líder de
tal expedição, Charles Weyland (personagem que leva o nome das indústrias por
trás da nave-cargueiro Nostromo, e que é ainda intepretado por Lance Henriksen,
o andróide de “Aliens-O Resgate”), e a pretensa ‘Ripley da vez’ na personagem
nada carismática e absolutamente genérica de Sanaa Lathan que somos obrigados a
engolir como a grande heroína da produção.
A pirâmide em questão guarda segredos acerca da
visitação de seres extraterrestres no passado. E esses seres, sabemos de
antemão, são os Predadores –que ao menos concervam as características dos
filmes anteriores, como caçadores espaciais interessados exclusivamente na
emoção da caçada.
Já os aliens são como instrumentos usados pelos
predadores como um rito de passagem para os indivíduos mais jovens de sua
espécie; e a despeito dessa simplificação grosseira, são eles que atacarão os
humanos usando-os como hospedeiros (numa cena pífia, onde é empregada uma
desnecessária referência ao bullet-time de “Matrix”) para evoluir à forma
poderosa e mortal que eles ostentam no filme de Ridley Scott.
Dessa forma, é o alien em sua periculosidade
incondicional quem ganha a alcunha de grande ameaça do filme relegando o
predador, a partir de um determinado ponto da trama, ao papel ingrato de
‘amiguinho’ dos humanos.
Embora ficasse clara a baixa qualidade do filme
em comparação, sobretudo, às obras cinematográficas brilhantes que o
inspiraram, o crossover caiu nas graças daquele público pouco exigente com a
história e o contéudo, e bastante ávido por ação e pirotecnia que volta e meia
acaba fazendo de um filme bem obtuso um sucesso de público –com frequência,
após seu lançamento em homevideo.
Foi a satisfação desse público que justificou
uma continuação –ou nem isso –lançada três anos depois. Desta vez dirigido
pelos especializados em videoclipe Greg e Colin Strause, o novo filme
estabelecia poucas conexões com o anterior, optando por novos protagonistas,
uma nova ambientação e uma nova premissa; verdadeiramente relacionável com o
outro filme era seu início (que correspondia ao final do outro) onde pudemos
ver o bizarro nascimento de um híbrido entre Alien e Predador (!) –e a julgar
pelo desenvolvimento do filme, muita gente achou que isso era uma boa idéia...
A nave onde se dá o surgimento deste ser acaba
caindo na Terra, mais precisamente numa cidadezinha canadense, onde não só esse
bicho estranho ameaça a população como também uma infestação de aliens
originais.
Essa algazarra atrai, lá de seu planeta de
origem, um Predador veterano (o único que, de fato, aparece no filme) que vêm a
Terra disposto a lutar contra uma criatura tão singularmente desafiadora ao
lado do novo herói da produção, um... entregador de pizza?!?
Ainda mais banal que o filme anterior (provando
que, ao contrário do que dava impressão, isso não era impossível de acontecer),
este novo encontro das duas famosas espécies de alienígenas parece ter sido
feito para atender o nicho que gostou do filme anterior: Os fãs de filmes
descerebrados de ação que apreciaram a pancadaria e a pirotecnia em detrimento
de qualquer ideia mais elaborada.
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