Algumas das maiores obras de todos os tempos
parecem tão simples em sua excelência que podem passar a ilusória impressão de
ter sido um trabalho fácil de ser feito.
E tudo em “A Embriaguez do Sucesso” depõe a
favor dessa sensação: Ele flui com tanto dinamismo, seu elenco é tão
incrivelmente acertado e seus detalhes intrínsecos são tão pontuais que
rapidamente somos levados a nos deixar levar por esse brilhantismo, usufruindo
o show.
A funcionar quase como um mestre de cerimônias
desse mundo noturno de pessoas orientadas por toda sorte de interesses temos
Eddie Falco (Tony Curtis) que, a despeito de sua crescente influência, sabe ter
ainda um bom caminho a galgar até chegar aonde almejam suas ambições.
Tal caminho pode ser facilitado pelo poderoso
colunista J.J. Hunsecker (Burt Lancaster) que dá a ele uma missão sórdida:
Separar sua irmã mais nova Suzie (Suzan Harrison) do jovem músico Steve (Marty
Milner) por quem está apaixonada.
E o amor entre Steve e Suzie surge como algo
(talvez, o único elemento) genuinamente puro da narrativa.
Quando o filme do diretor Alexander Mackendrick
começa, Falco já se vê nos percalços ingratos dessa tarefa: E, portanto, o
mau-caratismo inerente à ela só vai se evidenciando aos poucos para o expectador.
Com efeito, o filme de Mackendrick (realizador
do cultuado “Quinteto da Morte”) ainda que despido de detetives, investigações
e crimes propriamente ditos, usa de todas as conotações de filme noir para dar
dimensão e contexto à um mundo exuberante de falsidade, negociações e poder
onde a noite segue até o amanhecer sem que nenhum personagem precise dormir.
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