quinta-feira, 18 de outubro de 2018

A Embriaguez do Sucesso


Algumas das maiores obras de todos os tempos parecem tão simples em sua excelência que podem passar a ilusória impressão de ter sido um trabalho fácil de ser feito.
E tudo em “A Embriaguez do Sucesso” depõe a favor dessa sensação: Ele flui com tanto dinamismo, seu elenco é tão incrivelmente acertado e seus detalhes intrínsecos são tão pontuais que rapidamente somos levados a nos deixar levar por esse brilhantismo, usufruindo o show.
A funcionar quase como um mestre de cerimônias desse mundo noturno de pessoas orientadas por toda sorte de interesses temos Eddie Falco (Tony Curtis) que, a despeito de sua crescente influência, sabe ter ainda um bom caminho a galgar até chegar aonde almejam suas ambições.
Tal caminho pode ser facilitado pelo poderoso colunista J.J. Hunsecker (Burt Lancaster) que dá a ele uma missão sórdida: Separar sua irmã mais nova Suzie (Suzan Harrison) do jovem músico Steve (Marty Milner) por quem está apaixonada.
E o amor entre Steve e Suzie surge como algo (talvez, o único elemento) genuinamente puro da narrativa.
Quando o filme do diretor Alexander Mackendrick começa, Falco já se vê nos percalços ingratos dessa tarefa: E, portanto, o mau-caratismo inerente à ela só vai se evidenciando aos poucos para o expectador.
Com efeito, o filme de Mackendrick (realizador do cultuado “Quinteto da Morte”) ainda que despido de detetives, investigações e crimes propriamente ditos, usa de todas as conotações de filme noir para dar dimensão e contexto à um mundo exuberante de falsidade, negociações e poder onde a noite segue até o amanhecer sem que nenhum personagem precise dormir.

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