Dono de um rosto marcado e marcante e de um
olhar tão penetrante quanto intimidador, era algo natural ao ator Lee Van Cleef
o contumaz papel de vilão nos inúmeros faroestes que participou. Desses, uns
poucos o mostraram como herói.
Um deles é este “Sabata”.
Interpretando o personagem-título, pistoleiro
bom no gatilho como poucos, ele chega à cidadezinha de Daugherty bem a tempo de
exercer papel crucial no desenlace de um assalto à banco ocorrido na mesmo
noite de sua chegada.
Tal e qual o personagem de Clint Eastwood em “Por
Um Punhado de Dólares” –similaridade que, com certeza, não deve ser vista como
acidental –Sabata logo inicia um jogo de alianças e tramoias com os corruptos
poderosos locais na intenção de enganá-los e deles tirar o máximo possível de
dinheiro. Para tanto, tem alguns aliados bastante improváveis: O mendigo e
ex-soldado Carrincha (Ignazio Spalla), o mudo e acrobata Gato de Rua (Aldo
Canti), e o misterioso e pouco confiável violeiro Banjo (William Berger).
Nitidamente beneficiado por um orçamento mais
generoso do que era o normal para faroestes espaguetti, o filme dirigido por um certo
Frank Kramer (aparentemente um pseudônimo de Giancarlo Parolini, normalmente apontado
como criador do personagem e realizador do filme) ostenta sequências bem
elaboradas, quase todas bebendo da fonte usual do sub-gênero onde os
maneirismos de câmera davam uma ênfase dramática e palpitante aos duelos com
armas que os faroestes antigos não tinham o virtuosismo (e nem a intenção) de
executar.
Pode-se argumentar que, munido de mais recursos
do que o habitual, Parolini tenha se excedido em vários momentos –inclusive,
numa meia hora final pontuada por uma quantidade exorbitante e desnecessárias
de tiroteios em diversos lugares e condições –mas, ele o faz com a volúpia
épica que caracterizou o gênero.
Em sua realização exultante e explosiva, “Sabata”
deu início a uma série de filmes estrelados por esse mesmo personagem (ainda
que Lee Van Cleef tenha sido substituído por outros atores em alguns deles) que
ombreou outras figuras muito famosas do faroeste espaguetti como “Django” ou o
próprio Pistoleiro Sem Nome (o personagem de Eastwood na Trilogia dos Dólares).
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