sexta-feira, 17 de maio de 2019

Sociedade dos Amigos do Diabo

Embora seja comparado com Roger Corman –por sua atuação prolífica em produções de baixo orçamento –o estilo do cineasta Brian Yuzna guarda maior proximidade com David Cronenberg; isso é particularmente notável em sua inclinação quase patológica ao grotesco, a imodesta ênfase nos efeitos de maquiagem em suas obras, e no desigual fetiche pela mutação. Se Cronenberg evoluiu, com o tempo, para um cinema mais autoral e reflexivamente sério, Yuzna, por sua vez, continuou com as sandices tenebrosas de apelo popularesco.
Já dono de uma certa reputação como produtor (em constante colaboração com Stuart Gordon), Brian Yuzna estreou em 1990 como diretor em “Sociedade dos Amigos do Diabo” que ratifica com intensidade todas as suas características como realizador.
Seu princípio, contudo, aponta mais para um suspense do que para um terror escancarado: Membro da classe alta de Beverly Hills, o adolescente Bill (Billy Warlock) aos poucos se dá conta de uma fachada de encenação em sua classe social ao perceber que todos tentam esconder a morte recente de um de seus amigos.
Suas investigações em busca da assombrosa verdade incluem a suspeita por sua própria família envolvida em práticas que ultrapassam o limite do aceitável –e que, no clímax final, proporcionam uma cena de orgia das mais monstruosas e assumidamente trash do cinema; curiosamente despida de elementos satanistas, diferente do sugerido no título nacional.
Não significa que não hajam intenções válidas na obra de Yuzna: A despeito do formato B, ele almeja um mínimo de crítica social com ousadas escolhas temáticas, como o incesto.
“Sociedade dos Amigos do Diabo”, talvez por sua proposta algo inacessível para os habituais consumidores do terror de então, só foi mesmo comercializado após o sucesso de “A Noiva do Re-Animator”, a segunda incursão de Yuzna na direção.

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