Homens cujos destino é entrelaçado por
circunstâncias instáveis. Essa parece ser a premissa que norteia a maioria dos
trabalhos do diretor Raoul Walsh –pelo menos, aqueles dos quais se tem
conhecimento uma vez que boa parte de sua filmografia, incluindo o prolífico
período do cinema mudo, se encontra perdida.
No faroeste, “Nas Garras da Ambição” –ou “The
Tall Men”, título de uma música que ilustra muito bem os humores aos quais se
submete o romance do casal central –tais homens são o ex-combatente da Guerra
de Secessão, Ben Alisson (Clark Gable) e o fidalgo Nathan Stark (Robert Ryan).
O ano é 1866, e não resta muito à Alisson e ao
seu irmão senão singrar as cidades gélidas do Wyoming atrás de uma oportunidade
de roubo. Numa dessas ocasiões, eles quase levam o dinheiro do empresário
Stark, entretanto, ele os convence a aceitar um emprego que os pagará muito
melhor do que a soma que estão prestes a roubar; com a vantagem de não
acarretar complicações com a Lei. O emprego em questão: Conduzir um grande
rebanho de gado, ao lado do próprio Stark, até suas terras em Montana.
Estabelece-se assim uma cumplicidade definida
por desconfiança entre dois homens de índoles absolutamente distintas, quase
opostas: O calejado, truculento, porém admirado e admirável Ben Alisson, e o
metódico, calculista e empreendedor Nathan Stark –figuras, portanto, que
representam a transfiguração do próprio Oeste; o vaqueiro transparente em sua
rudeza dando lado para o homem de negócios urbano e ambicioso.
Embora não consiga esconder sua simpatia pelo
primeiro deles, o diretor Raoul Walsh conduz essa situação intensificando-a com
o surgimento em cena de uma mulher que captura o interesse de ambos: Nella,
vivida por Jane Russell.
Resgatada de uma caravana de moribundos, Nella
tem um interlúdio romântico bastante promissor com Ben, mas ambos logo se
desentendem diante de uma visão diferenciada da felicidade. Nathan não deixa de
aproveitar essa brecha e chama Nella para ir com ele à caravana –convite que
ela aceita, dando a entender que irá viver com Nathan em Montana, no entanto,
sua presença na caravana parece não ter nenhum objetivo senão provocar Ben e
enlouquece-lo de ciúmes.
Durante dos percalços
previsíveis (e, para os padrões de hoje, até ingênuos) desse triângulo amoroso,
o diretor Walsh conduz com brilho a árdua jornada dos protagonistas por
pradarias extensas, de sol escaldante, ou de neve até os joelhos, e por
sequências imponentes de perseguição –essas e outras cenas são magnificamente
bem adaptadas ao novo formato CinemaScope que esta produção emprega com
exuberância em sua fotografia. A reflexão que Walsh (assim como John Ford)
levava ao faroeste, agora vinha também embalada num arrebatador visual de
cartão postal.
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