Durante uma viagem de navio, um russo escuta a
história de um italiano acerca dos momentos mais importantes de sua vida, nos
quais se dá conta do personagem submisso ao fatalismo que é.
Diante de sua narração –em cujo primor
incondicional, Marcello Mastroianni recebeu o prêmio de Melhor Intérprete em
Cannes e a única indicação ao Oscar de Melhor Ator de sua carreira –se sucedem
o casamento com a filha de um banqueiro (Silvana Mangano), e o atribulado
romance adúltero com uma jovem e infeliz russa (Yelena Safonova).
Irmão do também diretor Andrei Konchalovsky, o
russo Nikita Mikhalkov (realizador de “Peça Inacabada Para Piano Mecânico”)
parte de vários contos do escritor Anton Tchekhov para conceber uma saga ao fim
da qual seu protagonista, um amargurado conquistador, só retém três memórias
felizes: O canto de ninar da mãe; o rosto da esposa na primeira noite em que se
amaram; e a neblina da Rússia.
A despeito da envolvente
beleza visual na direção de Mikhalkov, o seu trabalho de bucólica lentidão só
consegue capturar o fascínio do expectador graças à frequentemente magnífica
composição de Marcello Mastroianni, cuja verve enreda a atenção e os
sentimentos do público da mesma maneira que o faz com seu cada vez mais
atencioso ouvinte da mesa ao lado.
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