Versões em live-action de obras de animação
japonesa não foram um conceito que surgiu com “Ghost In The Shell-Vigilante doAmanhã”, de Rupert Sanders; muitas foram as produções, algumas obscuras, que
ciscaram também nesse manancial criativo –afinal, muitas obras japonesas
animadas (algumas de extrema genialidade) sequer são conhecidas aqui no Ocidente,
Talvez seja partindo dessa orientação que o
diretor Chris Nahon utiliza o argumento do anime “Blood-The Last Vampire” para
concretizar este filme visualmente bastante próximo da fonte animada.
Inclinado ao terror sanguinário –como
corajosamente é também a animação –o filme de Nahon aproveita a trama dos
primeiros episódios da animação, sobretudo, na composição de algumas das cenas
mais icônicas que engatilharam a trama da série, costuradas elipticamente a um
breve resumo da origem da heroína.
Saya (Jun Ji-Hyun) é uma criatura a um só tempo
saída do subconsciente coletivo do que define uma protagonista de animes e
idealizada para personificar também uma espécie de fantasia inerente à cultura
japonesa: Hábil com a espada num nível sobrehumano e, mesmo que imortal a ponto
de ter séculos de idade, ela tem a frágil e bela aparência de uma adolescente
–e o roteiro não economiza pretextos com a finalidade de coloca-la nas
indefectíveis roupas de colegial!
No princípio dos anos 1970, Saya persegue
criaturas vampirescas e demoníacas pelo mundo, auxiliada pelos recursos de uma
organização denominada ‘O Conselho” –representada pelos únicos agentes que vemos,
o paternal Harrison (Liam Cunningham, de “A Princesinha” e a série “Game Of
Thrones”) e o dúbio e provocativo Luke (J.J. Feild).
As criaturas que ela persegue com a ajuda deles
não deveriam ser chamadas impunemente de ‘vampiros’: Têm elementos mais indistintos,
relacionáveis com maior facilidade ao folclore japonês que à mitologia
literária e cinematográfica iniciada por Bram Stoker.
Com efeito, para ostentar poderes que a igualem
a essas criaturas em batalha, Saya termina sendo também ela um híbrido de tais
criaturas –lampejos de informação oferecidos por rápidos flashbacks ao longo do
filme, pavimentando o caminho para o combate final onde um premeditado vínculo
com o grande vilão (ou melhor, a grande vilã) acrescentará mais dramaticidade
ao desfecho.
O objetivo de Saya é um dia confrontar o
demônio ao qual todos os demais respondem como lacaios: O muito mencionado, mas
pouco visto Onigen.
Por razões não muito claras, Saya é despachada
para uma base militar norte-americana onde se disfarça em meio às tais
colegiais para dar continuidade à sua incessante caçada às criaturas da noite.
Onde o filme exibe suas referências históricas mais pungentes –e mesmo assim
meio prolixas –ao abordar menções sobre a Guerra do Vietnam.
Lá, Saya conhece a americana Alice (Allison
Miller) que dividirá com ela um pouco do protagonismo da trama.
A direção de Chris Nahon é oscilante na
exuberância que deseja exprimir nas cenas da ação e na negligência que
demonstra nos momentos de baixa voltagem –diálogos, no geral, que deveriam
fazer a trama avançar ao agregar informações e motivações, mas só evidenciam a
pouca paciência na execução dessas sequências tratadas com desleixo e
burocracia.
Tecnicamente, o filme encobre seus lapsos
maiores (que respondem pelos elementos de computação gráfica inseridos com
flagrante amadorismo) usando uma edição frenética, caótica e acelerada.
No entanto, existem
entusiasmo e euforia genuínos na realização que se equilibra entre as
composições de ação (e o antagonismo essencialmente físico entre os vampiros e
a protagonista) de “Blade-O Caçador de Vampiros” e o registro sempre macabro e
soturno presente em exemplares do mais autêntico terror.
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