segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Matou A Família e Foi Ao Cinema

Ele próprio autor de obras notórias em seu ímpeto cafajeste de transgressão (como “A Dama do Lotação”, “Os 7 Gatinhos”, “Rio Babilônia” e Navalha Na Carne”), o diretor Neville D’Almeida pegou um clássico um pouco obscuro, como são obscuros inúmeros clássicos de nosso cinema marginal –no caso, a obra crítica e contundente de Julio Bressane de 1969 –e o refez com incrementos da pressuposta modernidade do período (então 1991), linguagem duvidosa de videoclipe (o que lhe extrai muito da relevância como cinema) e um afiado senso de oportunismo para o escandaloso: Restou pouco da premissa original –na qual o jovem carioca Bebeto (aqui Alexandre Frota, décadas antes de declinar para a indústria pornô e depois para a política) mata seus pais após uma exasperada discussão e, em seguida, se dirige ao cinema mais próximo, assistindo na sequência vários segmentos que se desdobram em esquetes de objetivos alegóricos –e menos ainda do comentário social, sobrando muito da vontade de criar polêmica e chocar o público, em especial, nas cenas gratuitas de interlúdio lésbico estreladas por Cláudia Raia e Louise Cardoso em um dos mais marcantes segmentos; todos carentes de uma história que possua maior solidez narrativa.

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