segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Homens & Mulheres - Histórias de Sedução

Estruturado num hoje incomum formato episódico, este filme produzido pela TV inglesa no início da década de 1990 adapta três contos de renomados autores norte-americanos por três diferentes diretores (Frederic Raphael, roteirista de “Um Caminho Para Dois” e “De Olhos Bem Fechados”, de Kubrick; o imprevisível e frequentemente controverso Ken Russell; e o renomado Tony Richardson), todas as histórias são ambientadas nos anos 1920, e todas tratam da natureza comiserativa presente nos desenlaces (e desfechos) amorosos, acompanhadas por uma bela trilha sonora que serve de conexão entre os episódios, assinada por Marvin Hamlisch, esbanjando sensibilidade.
O primeiro, “Homem Na Camisa Brooks Brothers”, de Mary McCarthy, trata de um homem (Beau Bridges, irmão de Jeff Bridges) e uma mulher (Elizabeth McGovern) que veem a se conhecer durante uma viagem de trem. Embora ele seja completamente diferente do tipo de homem que ela almejava, o envolvimento acontece. Assinado por Frederic Raphael, em seu único crédito como diretor,  onde ele assume também sua especialidade: O roteiro.
Talvez por isso este segmento tenha tanta solidez e seja tão envolvente quanto niilista em relação aos sentimentos na comparação com o teor passional dos demais.

O segundo, “Penumbra Antes dos Fogos de Artifícios”, de Dorothy Parker (autora retratada em “O Círculo do Vício”, de Alan Rudolph), dirigido por Ken Russell, envolve uma jovem rica (Molly Ringwald) que, apesar de estar apaixonada não consegue acreditar na sinceridade do amor que seu namorado lhe dedica em razão de seu notório passado como conquistador.
Embora ostente a habilidade inconteste de Russell, este episódio sofre ligeiro prejuízo devido ao ator principal, Peter Weller (de “Robocop”, de Paul Verhoeven), cuja interpretação algo fria e distanciada impede a narrativa de atingir seus objetivos.

E o terceiro, “As Colinas Como Elefantes Brancos”, de Ernest Hemingway, realizado por Tony Richardson, acompanha um diálogo entre um escritor (James Woods) e uma jovem rica (Melanie Griffith, absurdamente maravilhosa). Eles são amantes. Ela está grávida dele. Numa parada de trem em plena Espanha, os dois deliberam a possibilidade dela praticar ou não um aborto.
Dentre todos é o episódio que escancara com mais propriedade as dores do coração.
Como é normal em um compêndio de caráter, estilos e realizadores alternados –ainda que amparados no rigor de um mesmo tema –a sucessão de contos é irregular, evidenciando a superioridade de uns e os equívocos de outros, no entanto, são três obras que, cada qual ao seu jeito, valem a conferida.

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