sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Um Tira da Pesada


 Basicamente, o trabalho do diretor e roteirista Martin Brest gira em torno de uma presença incomum, um peixe fora d’água e das curiosas dinâmicas que surgem a partir daí. Nesse sentido, é justamente e escolha de seu protagonista que determina a validade da obra, seu funcionamento e eficiência. Para tanto, foi sondada a participação de Clint Eastwood, um turrão caipira em plena Los Angeles; e de Sylvester Stallone, um brutamontes em meio à alta roda de Beverly Hills. Nenhum deles seguiu em frente com o projeto –e Stallone, particularmente, acabou realizando “Stallone Cobra” como um reflexo do abandono deste projeto –e quem acabou sendo escolhido foi Eddie Murphy, que soube tornar-se a razão de ser do filme.

Hoje é impossível imaginar “Beverly Hills Cop” sem ele.

Mesmo na Detroit onde trabalha como policial, Axel Foley (personagem de Murphy) não aparenta ser um tira; a primeira e espetacular cena do filme –uma perseguição de carros onde um números assombroso de veículos é batido –já o flagra como uma agente infiltrado entre a malandragem fora-da-lei do subúrbio (com essa fauna, sim, Foley se encaixa com perfeição). Entretanto, ainda assim, Foley é um detetive e, quando tem um grande amigo assassinado –como, aliás, ocorre em diversas premissas básicas de filmes policiais –Foley empreende uma investigação para encontrar o responsáveis num local fora de sua jurisdição.

Eis aí o pulo do gato: É em Beverly Hills, o bairro mais intratável, chique e estilosamente assoberbado da extravagante Los Angeles que Foley vai ciscar em busca dos assassinos de seu amigo. Do início ao fim, o constraste entre esse protagonista mundano, cheio de ginga e abusado e os coadjuvantes  cheios de finesse ou mera seriedade inabalável haverá de mover a narrativa do filme, seja em sua ação, em seu suspense e, sobretudo, em seu humor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário