No início dos anos 1930, os estúdios da Universal obtinham grande sucesso com obras que adaptavam grandes monstros famosos como “Frankenstein” e “A Múmia”, estreladas então por Boris Karloff... a continuidade natural era arregimentar para suas fileiras outro célebre monstro da literatura, o Conde Drácula, desta vez fazendo adequadamente o dever de casa, obtendo os direitos autorais de adaptação com a família do próprio autor, Bram Stoker, e concebendo uma obra completamente fiel ao livro famoso; diferente do que havia feito o alemão F.W. Murnau anos antes com “Nosferatu”.
Para a direção, a Universal requisitou Todd
Browning de olho em sua capacidade singular para sublinhar o terror em
narrativas pouco óbvias. Já para o papel principal, embora o ator húngaro Bela
Lugosi fosse a escolha mais óbvia, em vista do enorme sucesso conquistado por
sua presença na adaptação de “Drácula” para os palcos da Broadway, e depois em todo
território americano, o estúdio sondou Lon Charney, de olho na bem-sucedida
parceria entre ele e Todd Browning em “O Fantasma da Ópera”, e outros sete
aclamados filmes.
Charney, porém, faleceu de câncer antes das
filmagens começarem e mesmo os atores que o estúdio ventilou em seu lugar não
estavam disponíveis: Parecia ser mesmo o destino que Bela Lugosi viesse a
interpretar Drácula no cinema e marcar o papel com seus trejeitos antológicos,
construídos com a percepção de pantomina do cinema mudo, mas ciente também do
viés macabro que esses elementos haveriam de agregar ao personagem.
Na calada noturna de uma pra lá de sombria
Transilvânia, o advogado Jonathan Harker (David Manners) conhece seu excêntrico
cliente Conde Vlad Drácula (Lugosi) que o recepciona em seu castelo sem maiores
preocupações em esconder dele que, sim, á algo ali de muito errado. Em cartas
cada vez mais aflitas, Harker relata o estranho comportamento de seu cliente –só
dá as caras à noite quando o sol já se pôs, nunca aparece comendo e tem aversão
à crucifixos –e as pavorosas aparições que vinha vivenciando. Algo que, à
propósito, os arredios moradores no vilarejo próximo já lhe tinham prevenido.
A conclusão à qual ele chega surge primeiro no
expectador: Drácula trata-se de um vampiro milenar, e o sangue que ele suga do
pescoço de Harker pouco a pouco todas as noites (o que logo acaba drenando-lhe
vertiginosamente as forças) só lhe interessa menos do que encontrar Mina (Helen
Chandler), a noiva de Harker que Drácula avistara em um porta-retrato e que,
desde então, se tornara sua obsessão.
Mas, Mina, quando Drácula finalmente à
encontra, é cercada por um séquito de coadjuvantes que haverão de protegê-la,
em especial, o intelectual e desconfiado professor Van Helsing (Edward Van
Sloan), cujos estudos apontam para a existência de uma criatura sobrenatural da
qual o Conde Drácula pode ser o único exemplar que ele terá a oportunidade de
confrontar.
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