sábado, 30 de julho de 2022

A Inocência do Primeiro Amor


 Nota-se uma sensibilidade desigual a pulsar deste pequeno clássico da sessão da tarde, um elemento que o diferencia de outras obras mais afoitas, ingênuas e, por que não, superficiais no trato das emoções. Seu protagonista, Lucas, é interpretado por um jovem Corey Haim, ainda alguns anos antes de alcançar o estrelato. Lucas seu personagem, é jovem e, digamos, ligeiramente desajustado. Ele não se encaixa muito entre os colegas obsequiosos de sua escola, embora também não seja o excluído-padrão desse tipo de filme: Desde a primeira cena, onde aparece despreocupadamente caçando insetos com uma rede, ele parece ser alguém que dá de ombros à necessidade de impressionar seus pares.

No entanto, um fator há de mudar isso: O amor. Quando Lucas bate os olhos na recém-chegada Maggie (Kerri Green, de “Os Goonies”) ele logo sabe que está apaixonado por ela.

Claro, ele sabe. Ela não. Ou, pelo menos, finge não saber durante boa parte da trama. Sem conhecidos na cidade, é com Lucas que Maggie acaba interagindo durante as férias. Quando chega o período das aulas, eles já são grandes amigos, embora fiquem claras as tentativas do garoto para ir além disso. Porém, com o envolvimento de Maggie no ambiente estudantil, veem todas as imprevisibilidades afetivas inerentes à juventude: Ela se engraça com Cappie (Charlie, no mesmo ano em que marcou presença no oscarizado “Platoon”), vistoso capitão do time de futebol-americano da escola.

E assim, a ciranda de amores clássica se desenha no roteiro escrito (e dirigido) por David Seltzer: Lucas ama Maggie, que ama Cappie, que tem uma namorada ciumenta (Courtney Thorne-Smith). Há também Rina (Winona Ryder, bem jovem), garota da banda, que deixa bem claro seu interesse por Lucas –e como de praxe, ele acaba sendo o único a não perceber.

Equilibrando-se em clichês bastante corriqueiros dos dramas românticos juvenis –na verdade, bastante ávidos por incorporá-los –o singelo filme de Seltzer (que ficou famoso graças ao roteiro escrito para o famoso terror “A Profecia”) busca tecer um retrato honesto e sem afetações das paixões da juventude, os pequenos códigos, os impulsos de atração nem sempre correspondidos e as perplexas tentativas de conter o turbilhão de emoções.

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