As crianças que protagonizam este filme
experimentam de uma disponibilidade para a aventura que as novas gerações não
vão compreender: O ímpeto de sair porta afora e percorrer campos e matos (e
cavernas, no caso deste filme) em busca de diversão –algo que as gerações
atuais, quando muito, encontram somente em frente aos computadores, nos
celulares ou nos jogos de videogame.
“Os Goonies” é, por isso mesmo, um filme
inevitavelmente datado.
Mikey (a presença do ator que o interpreta, Sean
Astin, em “O Senhor dos Anéis” é só mais uma das referências de Peter Jackson a
esta produção), Dado (Ke Huy Quan, de “Indiana Jones e O Templo da Perdição” e
da série “O Pequeno Mestre”), Bocão (Corey Feldman, ator assíduo em filmes
infanto-juvenis dos anos 1980 como este “Conta Comigo” e “Os Garotos Perdidos”)
e Bolão (Jeff Cohen) são os principais integrantes do grupinho que dá título ao
filme. Amigos de infância, moram todos numa mesma localidade cujas moradias serão
compradas por uma subsidiária. Em busca de um meio para deter esse avanço
corporativo, eles seguem meio na brincadeira um mapa achado por acaso, e que
teoricamente leva à trilha de um tesouro, escondido séculos atrás por um
famigerado pirata, Willy, o Caolho.
A pista os leva até um galão onde uma impagável
quadrinha de bandidos (composta pela matriarca Anne Ramsey, de “Jogue A Mamãe
do Trem”, e seus filhos, Joe Pantoliano, de “Matrix” e Robert Davi), os
Fratelli, que se esconderam após a audaciosa fuga da cadeia deste último.
Aos garotos, logo se junta o irmão mais velho
de Mikey, Brand (Josh Brolin, antes de virar um ator respeitado), a líder de
torcida Andy (Kerry Green) e sua melhor amiga Stef (Martha Plimpton).
A odisséia dos Goonies através do túneis e
cavernas repletos de mirabolantes armadilhas –todas construídas com a peculiar
percepção vertiginosa de montanha-russa dos filmes do produtor Steven Spielberg
–é uma das seqüências de aventura mais antológicas do cinema.
Perseguidos pelos Fratelli e, a partir de um
determinado ponto, auxiliados pelo desgarrado e excepcional irmão Fratelli,
Sloth (John Matuszak, um personagem muito parecido com o protagonista de um
clássico trash daquele período, o divertidíssimo “The Toxic Avenger”), eles
enfrentam armadilhas que espelham as peripécias de Indiana Jones, até por fim,
chegar ao maravilhoso tesouro guardado por Willy, o Caolho.
Se não é de uma maestria equivalente à de
Spielberg, a direção de Richard Donner assimila ao máximo tudo o que ele
ensinou (a trilha sonora de Dave Grusin replica primorosamente as
características de John Williams), lançando mão de um bom humor constante –inclusive,
na engraçada auto-referência, ao final, quando Sloth aparece usando uma camisa
do “Superman”!
Um dos detalhes mais legais é perceber o quanto
“Os Goonies”, sobretudo, visto hoje, é despido de inibições que saturam os
filmes comerciais da atualidade; as crianças, no decurso de sua aventura, não são
poupadas de violência, tensão e toda a sorte de intensidade que as situações
podem proporcionar.
Um filme que divertiu toda
uma geração.
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