1943. A Segunda Guerra Mundial estava em curso
quando foi financiada esta luxuosa produção (uma das primeiras sobre o famoso
naufrágio) que serviu –como tudo o que o cinema alemão buscava produzir à época
–a uma propaganda de guerra, mais precisamente uma mensagem anti-britânica em
favor do Terceiro Reich.
Como em quase todas as versões do famoso naufrágio
de 1912 (incluindo a suntuosa e premiada produção de James Cameron), o transatlântico
britânico Titanic inicia seu processo de ir a pique após a colisão contra um
iceberg, para a desventuras de seus milhares de ocupantes –um terço dos quais
encontrou a morte nas águas geladas.
A propaganda nazista está nas entrelinhas: Os
investidores judeus que se achavam a bordo do navio são paulatinamente tratados
como gananciosos e interesseiros, preocupados o tempo todo com negócios e
finanças –e esse registro, não obstante qualquer prejuízo que acarreta ao
ritmo, toma boa parte de sua primeira metade.
É como se fosse essencial (e para a mentalidade
alemã, provavelmente era) que essa característica avarenta, tão atrelada ao
povo judeu, ficasse bastante clara na narrativa: A cena da batida contra o
iceberg, quando ocorre, surpreende pela timidez com que é mostrada –pouco mais
que um esbarrão (fica implícito, portanto, que foi a obsessão por dinheiro o
real motivo para a “maldição do Titanic”).
Com efeito, o único personagem (fictício) alemão
é um jovem membro da tripulação que exibe um alardeado senso de altruísmo ao
denunciar, na destoante cena final, todas as negligências e ações questionáveis
que os proprietários judeus do Titanic cometeram em sua viagem.
Muitos dos desdobramentos dramáticos de seus
bastidores respondem pelas razões do filme sofrer seu suposto banimento na Alemanha quando
de seu lançamento, entre elas a destruição (por bombardeios aéreos dos aliados)
do cinema onde se daria a estréia do filme, e a conclusão do ministro da
cultura alemã, Joseph Goebbels, de que o enaltecimento patriótico alemão que a
produção proporcionava já chegava fora de hora, com o ânimo do povo alemão em
frangalhos com a guerra quase perdida.
Esses fatores levaram ao cancelamento da
premiére do filme, ou seja, dizer que ele foi “banido” –como se divulga por aí
–é um exagero desmedido: Ele não foi banido, apenas trata-se de uma
superprodução que não foi lançada em decorrência das circunstâncias da guerra.
Nem mesmo o período de seu
“desaparecimento”, por assim dizer, foi muito longo –sua cópia foi encontrada
em arquivos de estúdios alemães em 1949, isto é, somente seis anos depois de
sua realização.
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