sábado, 10 de outubro de 2015

Inverno da Alma

A jovem de 17 anos, Ree Dolly tem alguns problemas urgentes a resolver.
 Para criar sozinha a mãe catatônica e os dois irmãos menores, ela precisa manter a casa onde moram.
 Mas seu pai, Jessup, recém-saído da prisão deixou a própria casa como garantia da condicional, sendo assim, se ele não reaparecer (está sumido a semanas) o governo tomará a casa, deixando Ree e sua família sem teto. 
A garota toma para si, portanto, a missão de encontrar seu paradeiro, ante todas as barreiras que achará na rústica e fechada comunidade rural em que vive. 
Mais que uma história sobre códigos de silêncio no coração da América, a diretora Debra Granik cria uma atmosfera de desalento que acompanha sua protagonista, no que é amplamente amparada por uma interpretação inigualável da sensacional Jennifer Lawrence. Ao longo de todo o filme tem-se a sensação de que estão sendo debatidos fatos que nos parecem desconhecidos (pertencentes a outro filme até), e essa sesação reforça o desconforto que nos acompanhará o filme todo, ressaltado por todo o restante das ferramentas à que a diretora tem a sua disposição: a caracterização esmerada, vagamente contida, do elenco, o distanciamento formal impelido pela encenação (não raro observamos planos que filmam Jennifer se afastar da câmera até perder-se na paisagem), e a natureza outonal de cores desbotadas que serve de moldura à trama.
Uma obra mítica, sufocante e resignada em sua própria identidade.

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