sábado, 10 de outubro de 2015

Onde Os Fracos Não Têm Vez

A violência é um elemento por meio do qual os personagens nos filmes dos Irmãos Coen definem e determinam o mundo ao qual tentam se adaptar.
Dentre todos os seus filmes, talvez, aquele que recebe uma maior ênfase na violência é este “Onde Os Fracos Não Têm Vez” –ela aparece intensa e incontornável como eles não o faziam desde “Gosto de Sangue”, e este é só um dos principais elementos notáveis nesta primorosa adaptação de Cormack McCarthy.
Pouco a pouco percebemos que no meio-oeste norte-americano, um texano comum encontra por acaso uma mala cheia de dinheiro entre vários cadáveres do que parece ter sido uma negociação de drogas que deu errado. Ingenuamente ele resolve esconder o dinheiro, mas logo surgem pessoas atrás dele. Em seu encalço está um frio assassino de aluguel que deixa um rastro de morte por onde passa. Atrás de todos eles e buscando encontrar um significado por trás de tudo, está um xerife veterano em vias de se aposentar. Vencedor de 6 Oscars em 2007, incluindo os prêmios de Melhor Filme e Melhor Direção, este poderoso trabalho reafirma o talento hiperlativo dos Irmãos Coen, sua condução da trama é um dos muitos fatores que mantém um insuspeito fascínio no filme: Não acompanhamos exatamente uma história, mas uma sucessão de cenas que nos obrigam, sistematicamente, a "pescar" a história em meio ao que vai se passando.
Nesse contexto, o trabalho do elenco é de uma importância inqualificável: Josh Brolin é uma grata surpresa, e Tommy Lee Jones parece ter nascido para interpretar o veterano xerife. Porém, é necessário separar um parágrafo inclusivo para o terceiro protagonista.
No papel de Anton Chigurt, o espanhol Javier Barden compõe uma figura assustadora, ligeiramente irreal com aquele corte de cabelo que tanto remete à outras maluquices dos Coen, e que no fim serve a propósitos mais alegóricos do filme. Sendo o personagem menos humanizado é totalmente irônico que tenha sido o único premiado do elenco (Oscar de Melhor Ator Coadjuvante em 2007, além de uma penca de outros prêmios), e algo ainda mais indicativo da imensa perícia dos Irmãos Coen que realizam aqui um estudo sobre a violência e suas sérias implicações no mundo e na sociedade, por meio do olhar cansado daquele velho xerife, numa vã tentativa de entender a inospicidade dos novos tempos.

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