São poucos os filmes que podem se beneficiar da
mescla tão apurada de gêneros distintos que o veterano e desenvolto diretor
Juan Jose Campanella obtém aqui.
Ele relata a trama do oficial de justiça já
aposentado que decide escrever um romance baseado em um caso investigativo do
qual se incumbiu anos atrás, (um violento estupro seguido de homicídio) e que
as leis burocráticas, as relações complexas entre seus colegas (incluindo seu
único amigo, alcóolatra, e a jovem chefe de secretaria, por quem era
secretamente apaixonado), e a própria furtividade do verdadeiro culpado
insistiam em complicar.
Esse registro passeia pelo óbvio –o filme de
suspense e policial investigativo –mas, trata também de surpreender o
expectador com lances convincentes de romance (a química entre Ricardo Darín e Soledad Villamil –que já fizeram juntos “O Mesmo Amor, A Mesma Chuva”, também
de Campanella –é impecável) e de comédia; tudo isso constrói um filme de imenso
poder de envolvimento, provido de personagens pulsantes e humanos, com os quais
o expectador não tarda a se importar.
Como se não bastasse, o diretor ainda entrega
uma obra de grande envergadura técnica com pelo menos uma cena (a perseguição
ao assassino dentro de um estágio lotado) na qual o trabalho de edição (ou a
ausência dele, já que a cena parece realizada toda ela sem cortes!) merece
aplausos.
Vencedor do Oscar 2010 de Melhor Filme
Estrangeiro (derrotando o favoritíssimo "A Fita Branca" da Áustria) é
um magnífico drama policial, exemplo perfeito do austero e elegante cinema produzido
atualmente na Argentina.
Belo também o trabalho do
sempre excelente ator Ricardo Darín ("Nove Rainhas").
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