Um trabalho e tanto este do David O' Russell.
Na verdade, toda a sua carreira, ainda que
irregular, é notável. O primeiro filme dele que assisti, "Flying With The
Disaster", é uma comédia dramática que ninguém mais lembra de ter visto;
eram meados dos anos 1990 e tinha um jovem Ben Stiller ainda tentando convencer
como ator dramático.
Depois, veio o interessante "Três
Reis", um dos primeiros filmes de guerra a abordar a situação da Guerra do
Golfo.
Em seguida, vi "Huckabees - A Vida É Uma
Comédia", sua obra mais estranha e fraca, embora tenha lá algumas
qualidades.
E então, algo mudou. Para melhor.
A década de 2010 chegou para O' Russell com seu
melhor filme até então, o pulsante "O Vencedor" e com sua primeira
indicação ao Oscar (e daí em diante, seus filmes jamais deixaram de marcar
presença entre os indicados). Em seguida, veio a brilhante e cativante comédia
romântica "O Lado Bom da Vida" e finalmente este "Trapaça".
Na trama, dois notórios vigaristas, Irving
Rosenfeld e Sydney Prosser, cruzam-se no percurso de seus golpes em meados dos
anos 1970, e um encontro de almas gêmeas se opera. Juntos, elaboram um esquema
ilegal para tirar dinheiro de corretores mafiosos, o quê logo chama para eles a
atenção do FBI, na pele do ambicioso agente Richie DiMaso. Unidos por
circunstâncias inusitadas, esses personagens pra lá de excêntricos serão a
espinha dorsal da chamada Operação Abascam que na década de 1970 desmascarou um
escandaloso desvio de dinheiro que assombrou a nação americana.
Como lhe é de praxe,o
diretor David O Russell, com base num primoroso roteiro (durante muito tempo
uma das grandes histórias não filmadas em Hollywood), rege com excelência um
elenco excepcional (uma combinação dos atores de "O Vencedor"
-Christian Bale, Amy Adams -com os atores de "O Lado Bom da Vida"
-Jennifer Lawrence, Bradley Cooper, mais uma pontinha de Robert De Niro...),
obtendo uma narrativa afiada, fazendo muito lembrar um jovem Martin Scorsese.
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