São meados dos anos 1980, e o solitário e
calado menino Oskar conhece certa noite a estranha menina Elly, que se mudara
junto de um senhor que aparenta ser seu pai para o gelado condomínio em que
moram.
Elly é sozinha, não tem amigos, surge no
playground para brincar apenas à noite e, embora faça frio, não demonstra
sentí-lo, sempre usando vestes finas.
Aos poucos os dois jovens, cada qual mergulhado
num tipo específico de exclusão profunda, vão construindo uma terna amizade,
abala pela estarrecedora descoberta de que Elly é, na realidade, uma vampira!
Revelado em festivais de cinema ao redor do
mundo que foram pouco a pouco descobrindo-o, este singelo filme sueco é uma
insuspeita obra-prima, e um dos melhores filmes da década 2000-2010, onde se
percebe, encapsulados, todos os elementos que constituem a indefinível magia do
cinema.
O jovem Kare Hildebrand é surpreendente, mas
nada se compara à sensacional menina Lina Leanderson, que dá corpo, voz e atitude
à pequena vampira Elly, como conotações e sutilezas dramáticas de uma atriz
adulta.
A técnica carregada de preciosismo do diretor
Thomas Alfredson cria cenas arrebatadoras, uma atrás da outra, sendo seus
exemplos mais fortes e perenes a cena em que Elly mata pela primeira vez (um
momento a um só tempo brutal e sentimental) e a memorável cena da piscina (um
exemplo perfeito de como se é possível construir cenas verdadeiramente
impactantes sem a necessidade de efeitos especiais ou de grande orçamentos).
Uma inesquecível obra
cinematográfico, no mais amplo sentido da palavra, para se ver e rever sempre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário