A história contida no romance de Kathryn
Stockett era praticamente um filme pedindo para ser feito, e isso culminou num
projeto acarinhado por Hollywood com todo o cuidado do mundo –refletido, por
exemplo, na escolha primordial das atrizes, uma das mais luminosas reuniões de
talentos do cinema recente.
Para dirigir o filme, a escritora Stockett
bateu o pé com a produtora Touchstone Pictures (a divisão de filmes mais
adultos da Disney) e exigiu o nome de seu grande amigo Tate Taylor –que pode
ser visto trabalhando como ator em “Inverno da Alma”.
Ainda que sem títulos mais vultuosos no currículo,
Tate Taylor honrou a confiança nele depositada e entregou um trabalho plural,
refinado, emocionante e atento às mais delicadas minúcias empregadas na
narrativa múltipla; um trabalho que poderia facilmente resultar irregular e
fora de tom, mas que demonstra um equilíbrio notável, inclusive na hábil dinâmica
entre o humor e o drama.
Anos 1960. Nutrindo um sonho de tornar-se
escritora, a jovem Skeeter (Emma Stone) –nascida e criada no município de
Jackson, no Mississipi –decide escrever uma coletânea única; depoimentos reais
(cheios de dor e vivacidade) de empregadas domésticas negras que, a exemplo das
escravas do passado, recebem o mais inferior dos tratamentos de suas patroas
brancas.
Os principais depoimentos são de Aibeleen
(Viola Davis), que cria com amor e dedicação a filhinha de uma obtusa dona de
casa, a despeito da pessimista perspectiva de que as filha ficam sempre iguais
às mães; e Minny (Octavia Spencer, vencedora do Oscar de Melhor Atriz
Coadjuvante), a esperta doméstica de uma mulher racista e maldosa (Bryce Dallas
Howard).
Diante dos obstáculos evidentes (e nem tanto)
de uma idéia assim, testemunhar a concretização de tal objetivo acaba sendo uma
jornada fantástica.
Mais até do que um filme sobre racismo e sobre
a luta pelos direitos civis, este impressionante trabalho de Tate Taylor é uma
ode ao caráter, onde as lágrimas por vezes se tornam inevitáveis: Seu maior
acerto é deixar sua linda história falar por si, e não fazer nada para desviar
a atenção do grande brilho da produção: Suas atrizes maravilhosas.
É um emotivo e não raro bem-humorado painel de
tramas que abrange o sempre pertinente tema do racismo com um dos mais
brilhantes elencos femininos já reunidos em filme: Emma Stone está adorável
como sempre, Octavia Spencer e Jessica Chastain são geniais cada uma ao seu
modo, mas a grande força da narrativa é Viola Davis.
Um filme de tocar o coração.
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