Está aí um filme fantástico.
O lugar é a China do período feudal. O tempo
aparentemente é o século XIX.
Mas, o diretor Zhang Ymou não parece disposto a
nos fornecer muitas informações.
Até porque, no final das contas, elas acabariam
sendo irrelevantes. Quando o filme começa somos colocados ao lado da jovem
camponesa (Gong Li, que nos cativa instantaneamente) que acaba vendida por seus
pais a um senhor de terras de quem será a quarta esposa, a despeito de uma
instrução universitária que recebeu.
As quatro casas, das quatro esposas distintas
ficam uma em frente à outra criando para o filme um cenário assimétrico do qual
a câmera não conseguirá escapar mais.
Como a jovem protagonista, somos assim
prisioneiros da narrativa de sua própria vida.
O marido se reveza entre as quatro esposas a
cada noite. A esposa cuja casa for agraciada com sua presença é iluminada por
lanternas vermelhas, e junto com elas vem todo um repertório de regalias e
privilégios, e logo fica claro a disputa velada e acirrada que as esposas
travam umas com as outras.
A despeito das conclusões diferentes a que se
pode chegar avaliando as mensagens subliminares deste filme e de toda a obra de
Zhag Ymou (uns dizem que seus trabalhos reafirmam a inutilidade de uma revolta
contra o sistema vigente; enquanto outros dizem que é uma denúncia à opressão
governamental; e os dois pontos de vista são válidos), o seu talento cinematográfico
é inegável.
É de uma maravilha sem fim
assistir à “Lanternas Vermelhas”. Não só Zhang Ymou e sua técnica intimista
estão em estado de graça, como também está Gong Li, um das mulheres mais lindas
do mundo, e sem dúvida uma das atrizes mais sensacionais do cinema.
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