quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Piaf - Um Hino Ao Amor

A vida atribulada e sofrida da famosa cantora francesa Edith Piaf, contada em ordem não cronológica.
Há´dois momentos magníficos (entre tantos outros) neste filme. Edith Piaf, altiva e soberana, aguarda a apresentação de uma música para julgar então se esta merece a honra de ser interpretada por ela. Num dos casos, Piaf está no auge e um grupo de jovens soldados lhe compôs uma música homenageando-a; no outro, já diante de seu iminente fim, Piaf procura por uma música que será seu canto do cisne. Em ambos os casos, Edith demonstra contragosto em sentar para ouvir as melodias criadas por seus fãs, e do modo como nos é apresentada, a cena leva o expectador a sentir o mesmo; ela senta-se e a pessoa dedilha o piano, e as músicas se fazem ouvir no ar, singelas, lindas, emocionantes.
Um sorriso com pitadas de assombro e satisfação brota no canto da boca de Edith.
Em duas cenas do filme. Dois momentos mágicos.
E são de momentos assim, basicamente falando, que é constituído o filme. Não de uma história linear, de começo, meio e fim. E nem de uma estrutura que segue as regras básicas da cinebiografia.
Em “Piaf-Um Hino Ao Amor”, a história de Edith, e paralelamente as grandes questões que atravessam o filme –Quem era essa mulher que provocou tantas repercussões, pelo quê ela passou, que fatores a levaram a viver a vida que viveu? –são desvendadas por meio de cenas que vão e vêem, para frente para trás, da Edith criança, à cantora famosa e consagrada, da juventude pobre à velhice, como lembranças de uma vida desigual.
E falar do filme torna impossível não falar de Marion Cotillard.
Ela consegue em cena, reunir a presença espalhafatosa que Edith Piaf também tinha, seja na sua exuberância como cantora, ou na sua gaiatice como dama, num quarto de hotel ou numa mesa de restaurante. Evita magistralmente a afetação que este trabalho poderia gerar; sua Piaf é barulhenta, mal-humorada, temperamental, passional até, mas é também delicada, frágil, de um preciosismo notável em cenas que ri, mas quer chorar, na emoção que sente ao cantar, e na forma precisa com que passa essa mesma sensação ao expectador.
O filme é um desfile da nata do cinema francês (há participações de Gerard Depardieu, Emmanuelle Seigner, Sylvie Testud, Jean-Pierre Martins, Pascal Greggory, e Clotilde Courau), mas poderiam ser todos atores desconhecidos: Ele pertence única e exclusivamente à Marion Cotillard!

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