A vida atribulada e sofrida da famosa cantora
francesa Edith Piaf, contada em ordem não cronológica.
Há´dois momentos magníficos (entre tantos
outros) neste filme. Edith Piaf, altiva e soberana, aguarda a apresentação de
uma música para julgar então se esta merece a honra de ser interpretada por
ela. Num dos casos, Piaf está no auge e um grupo de jovens soldados lhe compôs
uma música homenageando-a; no outro, já diante de seu iminente fim, Piaf
procura por uma música que será seu canto do cisne. Em ambos os casos, Edith
demonstra contragosto em sentar para ouvir as melodias criadas por seus fãs, e
do modo como nos é apresentada, a cena leva o expectador a sentir o mesmo; ela
senta-se e a pessoa dedilha o piano, e as músicas se fazem ouvir no ar,
singelas, lindas, emocionantes.
Um sorriso com pitadas de assombro e satisfação
brota no canto da boca de Edith.
Em duas cenas do filme. Dois momentos mágicos.
E são de momentos assim, basicamente falando,
que é constituído o filme. Não de uma história linear, de começo, meio e fim. E
nem de uma estrutura que segue as regras básicas da cinebiografia.
Em “Piaf-Um Hino Ao Amor”, a história de Edith,
e paralelamente as grandes questões que atravessam o filme –Quem era essa
mulher que provocou tantas repercussões, pelo quê ela passou, que fatores a
levaram a viver a vida que viveu? –são desvendadas por meio de cenas que vão e
vêem, para frente para trás, da Edith criança, à cantora famosa e consagrada,
da juventude pobre à velhice, como lembranças de uma vida desigual.
E falar do filme torna impossível não falar de
Marion Cotillard.
Ela consegue em cena, reunir a presença
espalhafatosa que Edith Piaf também tinha, seja na sua exuberância como
cantora, ou na sua gaiatice como dama, num quarto de hotel ou numa mesa de
restaurante. Evita magistralmente a afetação que este trabalho poderia gerar;
sua Piaf é barulhenta, mal-humorada, temperamental, passional até, mas é também
delicada, frágil, de um preciosismo notável em cenas que ri, mas quer chorar,
na emoção que sente ao cantar, e na forma precisa com que passa essa mesma
sensação ao expectador.
O filme é um desfile da
nata do cinema francês (há participações de Gerard Depardieu, Emmanuelle
Seigner, Sylvie Testud, Jean-Pierre Martins, Pascal Greggory, e Clotilde
Courau), mas poderiam ser todos atores desconhecidos: Ele pertence única e
exclusivamente à Marion Cotillard!
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