segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Blind

Feito de inúmeras sutilezas, "Blind", em seu princípio, nos dá a impressão de que dificilmente iremos nos encontrar naquela confusão de pistas dúbias e cenas aleatórias. Não que seja complexo.
Pelo contrário: É bastante inteligível a premissa da mulher (Ellen Dorrit Pettersen, que nos brinda com diversas cenas de seu lindo corpo nu) que fica cega devido à uma doença, e que se enclausura no próprio apartamento, para a perplexidade do marido.
O problema são as supostas tramas paralelas (o voyeur tímido e anti-social cuja carência não é mais capaz de suportar; e sua vizinha, uma professora, também ela agravada por uma súbita cegueira) que vão se agregando à narrativa, e que trazem cenas estranhamente ambíguas, confusas, mas que não deixam dúvida sobre a perícia da direção do dinamarquês Eskil Vogt: Em uma conversa banal de cafeteria, dois homens tentam travar um diálogo enquanto a cena parece indecisa se o cenário é realmente uma cafeteria ou o interior de um ônibus (!), e a despeito dessa confusão estranha e proposital, as tomadas de close nos quais o cenário de fundo transcorre atrás dos atores são sensacionais.
Em outra, durante as lembranças da professora a respeito de seu filho, temos a impressão que ela mudou de ideia, e por isso ela é mãe de uma menina, e não mais um menino.
É notável ainda, o modo como o roteiro encontra um desfecho, harmonizando esses elementos que antes pareciam impossíveis de se conciliar em termos narrativos, resultando no fim, em uma obra de beleza insuspeita e de intrigante caráter temático.

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