Pouco usual a filmografia de Gregg Araki. De
todos os seus filmes, o único que vi foi “Pássaro Branco Na Nevasca” embora já
tenha ouvido falar bastante de “Mistérios da Carne”.
Uma forma muito peculiar e escorregadia de
transgressão parece ser o que norteia seu estilo. E eu gostei bastante do que
disso resulta em “Pássaro Branco...”.
Kat tem uma mãe que é, para dizer o mínimo,
instável. Um dia, ela some, deixando Kat e seu pai sem quaisquer
respostas.
Não é em clima de suspense que Araki desenvolve
sua narrativa, embora, no final das contas, ele o seja.
O registro tem ligeiros ecos de um melodrama ao
estilo de Douglas Sirk, e uma identidade visual que remete à Sam Mendes e seu
“Beleza Americana”, o que diga-se cai muito bem para um filme independente. Mas
Araki conserva uma voz própria, uma observação bem particular sobre os
acontecimentos que, de início, é difícil dizer se é bom ou não, graças à
estranha névoa que ele faz cercar os fatos, como se fossem sonhos herméticos,
ou mais provavelmente, uma perversa distorção de contos de fadas. Interessante
certamente.
Shailene Woodley é uma grata surpresa.
Ela está infinitamente mais interessante do que em seus trabalhos mais
conhecidos do grande público (“A Culpa É Das Estrelas” e a série “Divergente”),
encarando com surpreendente desinibição até algumas cenas de nudez, e
finalmente demonstra ímpeto o suficiente para se equiparar à estrela maior de
sua geração: Jennifer Lawrence.
Curioso notar o esforço que
o filme exerce para torná-la linda (e como sua beleza é natural, isso não é nem
um pouco difícil) em paralelo à tentativa de enfeiar Eva Grenn, o quê obedece,
e muito, os objetivos da trama.
Nenhum comentário:
Postar um comentário