quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Pássaro Branco Na Nevasca

Pouco usual a filmografia de Gregg Araki. De todos os seus filmes, o único que vi foi “Pássaro Branco Na Nevasca” embora já tenha ouvido falar bastante de “Mistérios da Carne”. 
Uma forma muito peculiar e escorregadia de transgressão parece ser o que norteia seu estilo. E eu gostei bastante do que disso resulta em “Pássaro Branco...”. 
Kat tem uma mãe que é, para dizer o mínimo, instável. Um dia, ela some, deixando Kat e seu pai sem quaisquer respostas. 
Não é em clima de suspense que Araki desenvolve sua narrativa, embora, no final das contas, ele o seja. 
O registro tem ligeiros ecos de um melodrama ao estilo de Douglas Sirk, e uma identidade visual que remete à Sam Mendes e seu “Beleza Americana”, o que diga-se cai muito bem para um filme independente. Mas Araki conserva uma voz própria, uma observação bem particular sobre os acontecimentos que, de início, é difícil dizer se é bom ou não, graças à estranha névoa que ele faz cercar os fatos, como se fossem sonhos herméticos, ou mais provavelmente, uma perversa distorção de contos de fadas. Interessante certamente.
 Shailene Woodley é uma grata surpresa. Ela está infinitamente mais interessante do que em seus trabalhos mais conhecidos do grande público (“A Culpa É Das Estrelas” e a série “Divergente”), encarando com surpreendente desinibição até algumas cenas de nudez, e finalmente demonstra ímpeto o suficiente para se equiparar à estrela maior de sua geração: Jennifer Lawrence.
Curioso notar o esforço que o filme exerce para torná-la linda (e como sua beleza é natural, isso não é nem um pouco difícil) em paralelo à tentativa de enfeiar Eva Grenn, o quê obedece, e muito, os objetivos da trama.

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