terça-feira, 26 de janeiro de 2016

No De Pablo Larraín

Maravilhoso trabalho do diretor Pablo Larraín. Particularmente fascinante o modo como adota as imagens granuladas a fim de harmonizar com cenas promocionais do período. 
Uma viagem no tempo de insuspeita sensibilidade. 
Década de 1980. Chile. Num contexto de tal forma irônico e inacreditável que só poderia mesmo acometer em uma história completamente real, o governo militar do Chile, devido à pressões internacionais, resolve realizar um plebiscito onde o povo poderia votar contra ou à favor da permanência da ditadura do general Augusto Pinochet. As opções seriam, portanto o Sim (para a manutenção do governo) e o Não (para o restabelecimento de eleições livres e diretas). 
Mas, com o governo que se encontrava vigente, a campanha do Não era das mais desacreditadas: Os próprios opositores do partido enxergavam o plebiscito como uma maneira de Pinochet legitimar seu governo perante o mundo. E a própria estratégia de campanha da oposição era, toda ela, derrotismo: Cenas e mais cenas de presos e torturados políticos, intercalados por informações e estatísticas de todos os mortos e despossuídos pelo regime. Até que surge então Renee Saavedra (o carismático Gael Garcia Benal), um funcionário de uma empresa chilena de marketing, com uma proposta simples: esquecer a necessidade pragmática de relatar os fatos obscuros e lúgubres acerca dos vinte anos de ditadura do Chile na campanha eleitoral obrigatória e, ao invés disso, concentrar-se nela como se fosse uma propaganda comercial; com jingles, cenas alegres, joviais, que conquistassem o público e vendessem o produto. 
Enfim, uma genuína propaganda. 
A despeito da resistência encontrada dentro do próprio partido –e do covarde antagonismo exercido pelos adversários, que estavam no poder –eles realizam uma campanha notável, responsável por retirar o Chile de duas décadas de ditadura.

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