Maravilhoso trabalho do diretor Pablo Larraín.
Particularmente fascinante o modo como adota as imagens granuladas a fim de
harmonizar com cenas promocionais do período.
Uma viagem no tempo de insuspeita
sensibilidade.
Década de 1980. Chile. Num contexto de tal
forma irônico e inacreditável que só poderia mesmo acometer em uma história
completamente real, o governo militar do Chile, devido à pressões
internacionais, resolve realizar um plebiscito onde o povo poderia votar contra
ou à favor da permanência da ditadura do general Augusto Pinochet. As opções
seriam, portanto o Sim (para a manutenção do governo) e o Não (para o
restabelecimento de eleições livres e diretas).
Mas, com o governo que se encontrava vigente, a
campanha do Não era das mais desacreditadas: Os próprios opositores do partido
enxergavam o plebiscito como uma maneira de Pinochet legitimar seu governo
perante o mundo. E a própria estratégia de campanha da oposição era, toda ela,
derrotismo: Cenas e mais cenas de presos e torturados políticos, intercalados
por informações e estatísticas de todos os mortos e despossuídos pelo regime.
Até que surge então Renee Saavedra (o carismático Gael Garcia Benal), um
funcionário de uma empresa chilena de marketing, com uma proposta simples:
esquecer a necessidade pragmática de relatar os fatos obscuros e lúgubres
acerca dos vinte anos de ditadura do Chile na campanha eleitoral obrigatória e,
ao invés disso, concentrar-se nela como se fosse uma propaganda comercial; com
jingles, cenas alegres, joviais, que conquistassem o público e vendessem o
produto.
Enfim, uma genuína propaganda.
A despeito da resistência
encontrada dentro do próprio partido –e do covarde antagonismo exercido pelos
adversários, que estavam no poder –eles realizam uma campanha notável,
responsável por retirar o Chile de duas décadas de ditadura.
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