sábado, 16 de janeiro de 2016

O Procurado

É a um cinema comercial de ação desenfreada a que “O Procurado” se presta. Mas é também um novo prisma sobre esse mesmo cinema que o diretor Timur Bekmanbetov almeja levar à tela. 
Há inúmeras camadas a serem refletidas e removidas em “O Procurado”, o que já o eleva como um filme muito mais significativo que aparenta ser. 
Temos o protagonista que desperta de uma vida de inércia para uma nova existência (“Matrix”), o questionamento existencial que impulsiona a inquietação, e a insatisfação de toda uma geração (“Clube da Luta”), o aprimoramento físico e intelectual a níveis sobrehumanos como forma de exteriorizar a transformação da própria personalidade (“O Ultimato Bourne”). 
Havia algo de claudicante nos filmes realizados por Timur Bekmanbetov na Rússia, “Guardiões do Dia” e “Guardiões da Noite”, mas parece que a identidade visual de Bekmanbetov caiu como uma luva em “O Procurado”. 
Adaptação de uma série de histórias em quadrinhos independentes escritas por Mark Millar, é um projeto que mostra em boa luz as qualidades de Bekmanbetov como diretor: sua criatividade e sua habilidade na composição de cenas (sobretudo, de ação) que primam pelo equilíbrio de situações inacreditáveis. Uma bela demonstração de espirituosidade, na mescla apurada de humor e inteligência com que conta a história do jovem alienado que descobre ser filho do maior assassino de todos os tempos. Essa abordagem inspirada, em muito se deve à esperta escolha do ótimo James MacAvoy como protagonista. Ator inglês, de filmes mais densos e cadenciados, sua presença desigual rima com a escalação de Keanu Reeves como Neo em “Matrix”, assim como seus recursos dramáticos são bem empregados ao mostrar a evolução de seu personagem. À apoiá-lo temos uma vibrante Angelina Jolie e a voz firme de Morgan Freeman.

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