É a um cinema comercial de ação desenfreada a
que “O Procurado” se presta. Mas é também um novo prisma sobre esse mesmo
cinema que o diretor Timur Bekmanbetov almeja levar à tela.
Há inúmeras camadas a serem refletidas e
removidas em “O Procurado”, o que já o eleva como um filme muito mais
significativo que aparenta ser.
Temos o protagonista que desperta de uma vida
de inércia para uma nova existência (“Matrix”), o questionamento existencial
que impulsiona a inquietação, e a insatisfação de toda uma geração (“Clube da
Luta”), o aprimoramento físico e intelectual a níveis sobrehumanos como forma
de exteriorizar a transformação da própria personalidade (“O Ultimato
Bourne”).
Havia algo de claudicante nos filmes realizados
por Timur Bekmanbetov na Rússia, “Guardiões do Dia” e “Guardiões da Noite”, mas
parece que a identidade visual de Bekmanbetov caiu como uma luva em “O
Procurado”.
Adaptação de uma série de
histórias em quadrinhos independentes escritas por Mark Millar, é um projeto
que mostra em boa luz as qualidades de Bekmanbetov como diretor: sua
criatividade e sua habilidade na composição de cenas (sobretudo, de ação) que
primam pelo equilíbrio de situações inacreditáveis. Uma bela demonstração de
espirituosidade, na mescla apurada de humor e inteligência com que conta a
história do jovem alienado que descobre ser filho do maior assassino de todos
os tempos. Essa abordagem inspirada, em muito se deve à esperta escolha do
ótimo James MacAvoy como protagonista. Ator inglês, de filmes mais densos e
cadenciados, sua presença desigual rima com a escalação de Keanu Reeves como
Neo em “Matrix”, assim como seus recursos dramáticos são bem empregados ao
mostrar a evolução de seu personagem. À apoiá-lo temos uma vibrante Angelina
Jolie e a voz firme de Morgan Freeman.
Nenhum comentário:
Postar um comentário