sábado, 16 de janeiro de 2016

Terror Na Ópera

Filme revisto após quase quinze anos desde a única vez, mas, renova-se a certeza de que continua a ser um dos melhores de Dario Argento. Digo isso, porque são muitos os comentários que se apressam em enumerar as ressalvas do filme, como se já quisessem se desculpar por tê-lo achado bom. 
Eu adorei “Terror Na Ópera”. 
Foi o primeiro filme de Dario Argento que vi, e o primeiro que permitiu fascinar-me pelo estilo do diretor: inventivo, agressivo, fetichista, mas com algo de essencialmente artístico, de poético, com cenas que –a despeito da tolice do roteiro –pulsavam de energia criativa. 
Por outro lado, quando assisti à “Suspiria” não encontrei muito daquela grande obra de que tanto falam. Mas, uma revisão para esse daí, também se torna necessária, e para “Phenomena”, com a Jennifer Connelly, que estou precisando urgente conferir outra vez. 
Por hora, é “Terror Na Ópera” que divide com “Tenebre” o título de mais divertido trabalho de Argento. Está certo que há muitos trabalhos que preciso conferir, sobretudo o tão badalado “Prelúdio Para Matar”. Durante os ensaios da peça “Lady Macbeth”, a estrela principal sofre um acidente (numa cena, já ela, cheia de sacadas interessantes de narrativa) e acaba substituída pela jovem protagonista, uma garota cheia de sonhos com o estrelato, mas assustada com o potencial agourento da obra que irá estrelar, e perturbada –é bem verdade –com memórias nebulosas de infância. 
Ao longo do filme, que caso não tenha ficado óbvio, é uma variação de “O Fantasma da Ópera”, fica clara a forma sádica e sarcástica com que Argento se esbalda ao colocar a mocinha sempre como expectadora forçada e involuntária das atrocidades do assassino. Lembra um pouco as enrascadas nas quais ele insiste em enfiar a pobre da Tess Harper, em “Suspiria”. Um fetiche à moda de Alfred Hitchcook, mas potencializado com o sangue quente e a verve do italiano Argento. 
Uma circunstância que sempre foi cara ao cinema de Dario Argento: A condição inescapável e incontornável da testemunha que, ao presenciar um ou mais crimes deflagrados, se vê inapelavelmente envolvida nos percalços trilhados pelo próprio matador. Na filmografia de Argento, o ato de observar é, todo ele, um exercício inevitável e intrusivo de mergulhar na trama observada.

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