terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Passe Livre

Sempre há um filme para se relaxar. Um entretenimento que nos permite desligar um pouco aquela sisudez crítica para simplesmente aproveitarmos, e às vezes, dar boas risadas.
Muitas foram as vezes em que esse papel coube aos Irmãos Farelly.
Realizadores de obras bastante significativas da comédia nas últimas décadas como o discriminado “Debi & Lóide”, “Quem Vai Ficar Com Mary?” e “Eu, Eu Mesmo e Irene”, eles vinham amargando filmes mais fracos, menores e desprovidos de personalidade, até se saírem com este “Passe Livre”, que ainda assim, dividiu boa parte da crítica.
O problema é que críticos em geral tendem a ser bastante rabugentos com comédias, e os Irmãos Farelly penaram por muito tempo com isso, reduzidos à pecha de realizadores medíocres e de mau gosto.
Seja esse comentário válido ou não, a verdade é que seus filmes conseguem fazer exatamente aquilo que, em última instância, se espera de uma comédia: Fazer rir.
Rick e Fred são casados, e acomodados há algum tempo. Mas não passou despercebido de suas esposas o fato de que andam nostálgicos demais em relação à época de solteiro, idealizando esse período de uma maneira exagerada. Após uma série de situações tão constrangedoras quanto hilárias, elas decidem tornar uma atitude radical: Conceder a eles uma semana de ‘passe livre’, durante a qual podem farrear à vontade, sem sofrer as conseqüências de uma eventual infidelidade.
Animados de início, eles aos poucos percebem que não só os tempos (e eles próprios) mudaram, como também a vida de solteiro não era nenhuma moleza.
Dos poucos a reconhecer o valor de “Passe Livre” naquele ano de 2011, Quentin Tarantino chegou a incluir o filme na sua lista de melhores do ano, um gesto bastante interessante e que eu aplaudo: Os Irmãos Farelly entregam, aqui, uma das mais genuínas comédias dos últimos anos tratando de algo que eles conhecem muito bem: Os dilemas e fragilidades masculinos, acometidos em uma certa idade da vida.
Seu tino para a escolha de atores, continua preciso e desigual: Owen Wilson tem provavelmente seu melhor trabalho, num ano que foi ótimo para sua carreira (ele também esteve em “Meia-Noite Em Paris” de Woody Allen); Jason Sudeikis, vindo da TV onde brilhava no “Saturday Night Live” é um parceiro de cena perfeito e hilariante, mas os diretores acertam mesmo com as mulheres: Jenna Fischer está num de seus mais apaixonantes trabalhos (o quê a faz destoar muito e outros e irritantes personagens que fez), Cristina Applegate tem um timing cômico magnífico, e é preciso segurar o queixo para não cair em todas as cenas em que aparece a maravilhosa Alexandra Daddario, e sobretudo, a estonteante australiana Nicky Whelan.
É um filme quase a moda dos besteiróis dos anos 1980, com piadas chulas e francamente divertidas, lindas mulheres, uma trama que gira essencialmente em torno do sexo e das distinções entre homens e mulheres, mas que nunca deixa de ressaltar, com agridoce sentimento, que os anos 1980 são, sim, uma época que já passou.

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