segunda-feira, 18 de abril de 2016

Solaris

Tido à época como "a resposta soviética à 2001-Uma Odisséia No Espaço", este trabalho nunca menos que notável do mestre Andrei Tarkovski, de fato, guarda similaridades fascinantes com a obra seminal do também mestre Kubrick. 
Mas não há como ignorar a obra-prima que este filme também é.
Eis os fatos: o psicólogo Kris Kelvin é enviado a uma estação espacial em órbita ao planeta Solaris a fim de avaliar a situação pouco confortável de seus astronautas. Lá, ele descobre as razões de tal perturbação; a proximidade ao planeta faz com que imagens extraídas de seus próprios pensamentos criem vida, e passem a visitá-los, assombrando-os de forma mais palpável que normalmente o fariam. 
Para além da história propriamente dita (e acachapante) que possui, "Solaris" vem também acrescido de infindáveis referências literárias, uma paixão de Tarkovski que ele depositou ao longo de toda sua filmografia.
Em 2003, foi cometida uma refilmagem norte-americana de "Solaris" protagonizada pelo astro George Clooney no papel de Kris Kelvin, mas o diretor do remake, Steven Sodenbergh, declarou que enquanto Tarkovski criou, a partir do romance de Stanislaw Lem, uma sequoia, ele não fez mais que uma bonsai, numa comparação até bastante apropriada, tamanho o alcance das implicações desta obra.
São muitas as discussões notáveis que este filme levanta: A racionalidade humana pode ser posta a prova em face a algo tão imensamente desconhecido? Aquilo que procuramos são respostas, ou reflexos de nossas próprias perguntas? Pode o ser humano compreender de fato a sua própria humanidade, uma vez que somos os únicos seres pensantes e conscientes dos quais temos conhecimento?
No final, o grande mérito deste filme magnífico é ter gerado questionamentos existenciais tão pertinentes quanto a obra-prima de Stanley Kubrick.

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