domingo, 15 de maio de 2016

Malena

É de um fetiche indescritível acompanhar a câmera de Giuseppe Tornatore enquanto passeia pelas curvas de Monica Bellucci ao longo de todo o filme. Ele consegue a proeza de nos fazer sentir como se fossemos um dos jovens pubescentes que a admiram embasbacados.
1941. Ás vésperas da II Guerra Mundial, Renato, menino de uma cidade italiana do Mediterrâneo vê seus hormônios se descontrolarem com a simples visão da bela Malena, a mulher mais linda da região, cobiçada por todos os homens e invejada por todas as mulheres. Por ser muito pequeno ele mal pode intervir em todas as injustiças que pouco a pouco vão acontecendo com ela, e permanece assim como um expectador silencioso e apaixonado.
 “Malena” é sobre perder-se na descoberta dos desejos, e Monica Bellucci, como a perfeita ilustração desses desejos é o grande achado do filme. Sem ela, muito do espanto que Tornatore registra não encontraria respaldo. Tudo o mais converge para a sua aparição. Seja a belíssima fotografia de Lajos Koltai, seja a trilha sonora inebriante de Ennio Morricone (ambos os quesitos, inclusive, indicados ao Oscar).
Com este belíssimo trabalho, Tornatore encontra um meio de falar sobre o início da adolescência transfigurado pela nostalgia, a exemplo de seu "Cinema Paradiso".
Entretanto, embora seja adaptação de uma história de Luciano Vicenzoni, a verdadeira fonte para “Malena” parece estar mesmo em “Amarcord” de Fellini, um compêndio de reminiscências que exploram as mais variadas emoções da vida. Se com “Cinema Paradiso”, Tornatore potencializou a breve cena dos garotos dentro do cinema num filme inteiro, desta vez, ele utiliza o episódio sobre Gradisca (o amor juvenil, inegociável e platônico do jovem protagonista) para dimensionalizar as texturas, emoções e percepções do material deste seu filme. O diferencial aqui, sem sombra de dúvidas, é a pra lá de estonteante Monica Bellucci, de uma beleza estarrecedora e uma tristeza cativante no papel-título.

Cada momento em que ela aparece nua (e graças ao bom Deus, eles são muitos!) é de um deleite sem tamanho.

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