terça-feira, 28 de junho de 2016

13 Assassinos

Quem é Takashi Miike? Um pergunta cuja resposta encontra muitas variáveis. Certamente é um dos mais iconoclastas, originais e audaciosos realizadores japoneses da atualidade. Em seu despojamento autoral, ele parece estar mais para Seijun Suzuki do que para Akira Kurosawa.
Dele, vi quatro filmes até hoje: Todo o restante de sua filmografia é amplo, variado e apetitoso, embora não raro, ofereça aquela sensação desconfortável de ar rarefeito, obtida com a maestria com que consegue manipular elementos que chocam o expectador.
Os quatro títulos que Miike que conheço: O sarcástico, perturbador e violentíssimo “Ichi-O Assassino”, o juvenil “Operação Corvo”, o delirante, empolgante e, no fim, absurdo “Morrer Ou Viver” (soube que é o primeiro de uma trilogia), e este “13 Assassinos”.
Todos os outros são filmes de yakuza com diferentes e inspiradas variações, “13 Assassinos” é um filme de samurai.
E uma refilmagem.
Embora não tenha conferido o filme original, é patente o quanto o conceito e a trama de “Os Sete Samurais”, de Kurosawa, assombra este projeto (e, não tenho dúvidas, deve assombrar o filme original, também).
É 1844. Uma era de paz chega ao xogunato tornando obsoletos os serviços prestados por muitos dos samurais. Todavia, um nobre cujas atitudes são protegidas por sua aristocracia e pelo código de honra vigente no Japão exacerba em sua atrocidades, estuprando, matando e torturando como só personagens saídos das narrativas sádicas de Miike costumam fazer.
Por baixo dos panos, uma decisão é tomada e o veterano samurai Shizaemon é incumbido de montar um grupo com o qual deve neutralizar esse nobre, antes que suba ainda mais ao poder.
Essas meticulosas questões, que dominam a primeira parte do filme, surgem como subterfúgios conspiratórios, dando corpo à narrativa, estabelecendo o clima de expectativa para tudo que está por vir.
Particularmente talentosa é a forma com que Miike constrói um vilão plenamente detestável (e os ocasionais tons de cinza não caberiam, de fato, em sua caracterização), que depõe, mais do que qualquer coisa a favor de seus heróis, levando o público a torcer por eles.
São momentos chocantes, é bem verdade (como esquecer a cena da menina com membros amputados?!), mas representam também uma inestimável contribuição de Miike à este gênero tão clássico.
Infelizmente para a missão dos assassinos, o séqüito do vilão inclui samurais habilidosos para protegê-lo, inclusive um antigo colega de Shizaemon, o austero e igualmente habilidoso Hanbei.
Aliado aos outros doze companheiros recrutados ao longo do caminho, Shizaemon irá preparar uma armadilha derradeira, cuja execução será por inteira mostrada na meia hora final do filme, uma das batalhas mais insanas de toda a história dos filmes de samurais.

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