terça-feira, 5 de julho de 2016

Looper - Assassinos do Futuro

Realizador do ainda vindouro “Star Wars-Episódio VIII” e de alguns episódios da série "Breaking Bad", além do curioso filme “Vigaristas”, Rian Johnson constrói este surpreendente conto de ficção científica lembrando muito o estilo rocambolesco e fascinante de Christopher Nolan, oferecendo uma percepção inusitada do tempo e de suas manipulações ocasionadas por esse tipo de trama.
A verdade é que Johnson tem uma visão incomum sobre os elementos paradigmáticos que regem um gênero e, se já foi prazeroso vê-lo brincar com isso em “Vigaristas”, aqui é incrível testemunhar os caminhos inesperados com os quais ele dá solidez ao seu roteiro.
2044. No universo de criminalidade urbana concebido por Johnson, os personagens (à um passo da marginalidade) convivem com uma realidade tão inacreditável quanto paradoxal: Nos trinta anos à frente as viagens no tempo serão uma possibilidade, ainda que ilegal. Dessa forma, execuções são realizadas enviando os condenados ao passado para serem eliminados por atiradores denominados "loopers".
E nada mais proveitoso, rentável e tranquilo do que lucrar com a morte de alguém que não necessariamente morreu “ainda”...
Assim, os “loopers” enriquecem obedecendo a mais rígida e banal das disciplinas: Matam quem se teleporta vindo do futuro no horário e lugar estabelecido, livram-se do corpo e vão colher os frutos de uma missão cumprida.
Mas a carreira dos "loopers" é também fugaz. Mais cedo ou mais tarde, eles recebem a si mesmos, vindos do futuro, para exterminar, evento que costuma encerrar suas carreiras, permitindo que passem a aproveitar os anos que lhes resta de vida.
Providencialmente, um desses “loopers”, Joe (o ótimo Joseph Gordon-Levitt, ator que, de uma forma ou de outra, sempre aparece nos filmes de Rian Johnson), falha em executar seu "eu futuro" (personificado, por sua vez, por Bruce Willis, num interessante trabalho de equivalência de trejeitos com Gordon-Levitt) que agora se encontra a solta, disposto ao que tudo indica, a cumprir uma missão a fim de alterar o futuro. Missão essa que parece relacionada a um misterioso garotinho vivendo numa fazenda com sua jovem mãe (a bela Emily Blunt).
Dessa maneira, é justo e correto dizer que não é um, mas vários os filmes que se descortinam em “Looper-Assassinos do Futuro”.
Há o filme inteiramente centralizado na figura de Gordon-Levitt, e que joga interessante luz sobre o dia-a-dia dos “loopers”, com personagens inclusive que, à despeito de se mostrarem curiosos, serão meio que descartados no segmento seguinte, o segundo filme que “Looper” é, e que inicia-se com a chegada de Bruce Willis. Um novo filme, que joga uma luz interessante sobre os eventos expostos no começo, e parece atrair ainda mais a atenção do expectador: Então, este não é mais um filme de ação genérico, como a enganosa presença de Willis poderia, em princípio, sugerir.
O terceiro filme dentro de “Looper” –e que responde por seu terço final –é o mais incomum de todos. Johnson joga fora a ambientação urbana e coloca seus personagens, assim como o elaborado conceito fantástico que os cercam, em uma fazenda (!), onde escolhas atrozes e surpreendentes terão de ser feitas.

Eis aqui, portanto, uma prova e tanto de que pode ser este cara, Rian Johnson, a fazer o melhor de todos os “Star Wars”!

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