Realizador do ainda vindouro “Star
Wars-Episódio VIII” e de alguns episódios da série "Breaking Bad",
além do curioso filme “Vigaristas”, Rian Johnson constrói este surpreendente
conto de ficção científica lembrando muito o estilo rocambolesco e fascinante
de Christopher Nolan, oferecendo uma percepção inusitada do tempo e de suas
manipulações ocasionadas por esse tipo de trama.
A verdade é que Johnson tem uma visão incomum
sobre os elementos paradigmáticos que regem um gênero e, se já foi prazeroso
vê-lo brincar com isso em “Vigaristas”, aqui é incrível testemunhar os caminhos
inesperados com os quais ele dá solidez ao seu roteiro.
2044. No universo de criminalidade urbana
concebido por Johnson, os personagens (à um passo da marginalidade) convivem
com uma realidade tão inacreditável quanto paradoxal: Nos trinta anos à frente
as viagens no tempo serão uma possibilidade, ainda que ilegal. Dessa forma,
execuções são realizadas enviando os condenados ao passado para serem
eliminados por atiradores denominados "loopers".
E nada mais proveitoso, rentável e tranquilo do
que lucrar com a morte de alguém que não necessariamente morreu “ainda”...
Assim, os “loopers” enriquecem obedecendo a
mais rígida e banal das disciplinas: Matam quem se teleporta vindo do futuro no
horário e lugar estabelecido, livram-se do corpo e vão colher os frutos de uma
missão cumprida.
Mas a carreira dos "loopers" é também
fugaz. Mais cedo ou mais tarde, eles recebem a si mesmos, vindos do futuro,
para exterminar, evento que costuma encerrar suas carreiras, permitindo que
passem a aproveitar os anos que lhes resta de vida.
Providencialmente, um desses “loopers”, Joe (o
ótimo Joseph Gordon-Levitt, ator que, de uma forma ou de outra, sempre aparece
nos filmes de Rian Johnson), falha em executar seu "eu futuro"
(personificado, por sua vez, por Bruce Willis, num interessante trabalho de
equivalência de trejeitos com Gordon-Levitt) que agora se encontra a solta,
disposto ao que tudo indica, a cumprir uma missão a fim de alterar o futuro.
Missão essa que parece relacionada a um misterioso garotinho vivendo numa
fazenda com sua jovem mãe (a bela Emily Blunt).
Dessa maneira, é justo e correto dizer que não
é um, mas vários os filmes que se descortinam em “Looper-Assassinos do Futuro”.
Há o filme inteiramente centralizado na figura
de Gordon-Levitt, e que joga interessante luz sobre o dia-a-dia dos “loopers”,
com personagens inclusive que, à despeito de se mostrarem curiosos, serão meio
que descartados no segmento seguinte, o segundo filme que “Looper” é, e que
inicia-se com a chegada de Bruce Willis. Um novo filme, que joga uma luz interessante
sobre os eventos expostos no começo, e parece atrair ainda mais a atenção do
expectador: Então, este não é mais um filme de ação genérico, como a enganosa
presença de Willis poderia, em princípio, sugerir.
O terceiro filme dentro de “Looper” –e que
responde por seu terço final –é o mais incomum de todos. Johnson joga fora a
ambientação urbana e coloca seus personagens, assim como o elaborado conceito
fantástico que os cercam, em uma fazenda (!), onde escolhas atrozes e
surpreendentes terão de ser feitas.
Eis aqui, portanto, uma prova e tanto de que
pode ser este cara, Rian Johnson, a fazer o melhor de todos os “Star Wars”!
Nenhum comentário:
Postar um comentário