Dentre tantas obras-primas que a Pixar já concebeu, não é difícil destacar os três (até aqui) exemplares da franquia “Toy Story”.
Talvez seja o fato de serem os personagens mais antigos da Pixar (com os quais muitos de nós estamos desde quando eram crianças), ou a sua qualidade indiscutível mesmo, que faz deles um trabalho especial, em meio à tantos trabalhos especiais.
Brinquedo predileto de seu dono, o cowboy Woody
vê seu reinado desmoronar quando surge Buzz Lightyear, um arrojado boneco de
astronauta, que imediatamente lhe toma o posto de brinquedo mais querido.
Ressentido, Woody arma uma cilada para Buzz (que pensa ser um astronauta de
verdade!), mas as coisas fogem completamente de controle, e os dois acabam se
perdendo na cidade longe de seu dono e da segurança de seu quarto. Para
encontrar o caminho de volta, os dois antagonistas têm de se unir contra todos
os eventuais perigos, e acabam descobrindo-se melhores amigos.
Não bastou, para Lohn Lassetter e para a Pixar,
o título de primeiro longa de animação em computação gráfica do cinema.
Honrando esse legado, Lassetter e os animadores deram vida à uma história
emocionante e pulsante sobre impressões muito humanas como a inveja, a rejeição
e a amizade, com personagens memoráveis e inesquecíveis e demonstrando
confiança na capacidade de compreensão do público infantil.
Um clássico moderno.
O garoto Andy está crescendo e os brinquedos
estão preocupados com esta nova fase da vida de seu dono. Enquanto isso, Woody
descobre que é parte de uma raríssima coleção inspirada em um seriado antigo.
Assim, enquanto seu amigo Buzz cruza a cidade junto a outros brinquedos,
enfrentando diversos perigos para tentar encontrá-lo, Woody encara a
possibilidade de viver para sempre num museu, admirado para toda a eternidade
por crianças de todas as gerações.
Não havia a menor razão para se fazer uma
continuação de “Toy Story”, uma história perfeita, cujo roteiro redondinho se
encerrava de maneira exemplar, melhor que muito ganhador do Oscar. Além disso,
é sempre um risco dar continuidade à algo tão bom, com aquilo que pode ser uma
seqüência que dificilmente irá igualar a qualidade do original.
Contra todas essa possibilidades, a Pixar foi
em frente com este “Toy Story 2” (inclusive contra a política da própria
Disney, que tinha o habito de delegar continuações de seus sucessos de cinema a
equipes menores que os produziam direto para a televisão, e com qualidade
técnica e artística infinitamente inferior), e mais uma vez, a mágica
aconteceu.
Tão belo e primoroso quanto o primeiro, este
segundo “Toy Story” deu uma corajosa continuidade ao brilhante primeiro longa
levantando questões verdadeiras sobre a vida e o passar do tempo, com uma
sinceridade e uma profundidade que não se vê em animações ocidentais.
A semente para o terceiro filme estava
plantada, mas as coisas –mal sabíamos –estavam prestes a mudar. Para sempre.
Andy já não é mais uma criança. Ele tem 17 anos,
e logo irá partir para a faculdade. Seus brinquedos, portanto, devem sair de
cena. Temendo serem mandados para o lixo, o cowboy Woody, o astronauta Buzz
Lightyear e seus amigos, passam por peripécias que terminam os conduzindo à
creche Sunnyside, que de início parece acolhedora, mas aos poucos revela-se uma
prisão comandada pelo tirânico urso-de-pelúcia Lotso.
Woody e Buzz terão de se valer de toda sua
astúcia para escapar do mundo cinzento e sombrio representado por Lotso, e
voltar para seu dono Andy, ainda que esse retorno signifique uma triste e
dolorosa despedida.
Parecia improvável, mas aqui, eles conseguiram
não só produzir, com este terceiro filme, o melhor de todos os “Toy Story”, mas
realizaram também o que é, até então, o melhor e mais emocionante
longa-metragem já realizado pela Pixar.
O que torna “Toy Story 3” único, não é o fato
de ser tecnicamente perfeito (cada cena é de um encanto sem fim), não é o
roteiro magistral de Michael Arndt, ou as sempre geniais sacadas da Pixar (que
surpresa linda é ver o Totoro de Miyazaki aparecer ali!). As razões (já mencionadas
lá em cima) provavelmente dizem respeito ao fato de convivermos a algum tempo
com personagens tão apaixonantes, com os quais já temos uma história: a
encantadora vaqueira Jessie; Rex, o dinossauro medroso e inseguro; o Sr. e a
Sra. Cabeça de Batata; o cachorro-mola Slik; o cavalinho Bala-no-Alvo. E outros
novos que surgem aqui, como o divertido boneco Ken e a heróica e veemente
boneca Barbie.
Mas, sobretudo e antes de qualquer coisa, o
sensacional Buzz Lightyear, o brinquedo que não sabia que era um brinquedo, e o
inesquecível Woody, o cowboy que nos ensinou o significado da palavra lealdade.
Assim como Andy, somos nós quem estamos, aqui,
nos despedindo deles também.
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