quinta-feira, 23 de junho de 2016

A Trilogia Toy Story

Dentre tantas obras-primas que a Pixar já concebeu, não é difícil destacar os três (até aqui) exemplares da franquia “Toy Story”.
Talvez seja o fato de serem os personagens mais antigos da Pixar (com os quais muitos de nós estamos desde quando eram crianças), ou a sua qualidade indiscutível mesmo, que faz deles um trabalho especial, em meio à tantos trabalhos especiais.
Brinquedo predileto de seu dono, o cowboy Woody vê seu reinado desmoronar quando surge Buzz Lightyear, um arrojado boneco de astronauta, que imediatamente lhe toma o posto de brinquedo mais querido. Ressentido, Woody arma uma cilada para Buzz (que pensa ser um astronauta de verdade!), mas as coisas fogem completamente de controle, e os dois acabam se perdendo na cidade longe de seu dono e da segurança de seu quarto. Para encontrar o caminho de volta, os dois antagonistas têm de se unir contra todos os eventuais perigos, e acabam descobrindo-se melhores amigos.
Não bastou, para Lohn Lassetter e para a Pixar, o título de primeiro longa de animação em computação gráfica do cinema. Honrando esse legado, Lassetter e os animadores deram vida à uma história emocionante e pulsante sobre impressões muito humanas como a inveja, a rejeição e a amizade, com personagens memoráveis e inesquecíveis e demonstrando confiança na capacidade de compreensão do público infantil.
Um clássico moderno.

O garoto Andy está crescendo e os brinquedos estão preocupados com esta nova fase da vida de seu dono. Enquanto isso, Woody descobre que é parte de uma raríssima coleção inspirada em um seriado antigo. Assim, enquanto seu amigo Buzz cruza a cidade junto a outros brinquedos, enfrentando diversos perigos para tentar encontrá-lo, Woody encara a possibilidade de viver para sempre num museu, admirado para toda a eternidade por crianças de todas as gerações.
Não havia a menor razão para se fazer uma continuação de “Toy Story”, uma história perfeita, cujo roteiro redondinho se encerrava de maneira exemplar, melhor que muito ganhador do Oscar. Além disso, é sempre um risco dar continuidade à algo tão bom, com aquilo que pode ser uma seqüência que dificilmente irá igualar a qualidade do original.
Contra todas essa possibilidades, a Pixar foi em frente com este “Toy Story 2” (inclusive contra a política da própria Disney, que tinha o habito de delegar continuações de seus sucessos de cinema a equipes menores que os produziam direto para a televisão, e com qualidade técnica e artística infinitamente inferior), e mais uma vez, a mágica aconteceu.
Tão belo e primoroso quanto o primeiro, este segundo “Toy Story” deu uma corajosa continuidade ao brilhante primeiro longa levantando questões verdadeiras sobre a vida e o passar do tempo, com uma sinceridade e uma profundidade que não se vê em animações ocidentais.
A semente para o terceiro filme estava plantada, mas as coisas –mal sabíamos –estavam prestes a mudar. Para sempre.

Andy já não é mais uma criança. Ele tem 17 anos, e logo irá partir para a faculdade. Seus brinquedos, portanto, devem sair de cena. Temendo serem mandados para o lixo, o cowboy Woody, o astronauta Buzz Lightyear e seus amigos, passam por peripécias que terminam os conduzindo à creche Sunnyside, que de início parece acolhedora, mas aos poucos revela-se uma prisão comandada pelo tirânico urso-de-pelúcia Lotso.
Woody e Buzz terão de se valer de toda sua astúcia para escapar do mundo cinzento e sombrio representado por Lotso, e voltar para seu dono Andy, ainda que esse retorno signifique uma triste e dolorosa despedida.
Parecia improvável, mas aqui, eles conseguiram não só produzir, com este terceiro filme, o melhor de todos os “Toy Story”, mas realizaram também o que é, até então, o melhor e mais emocionante longa-metragem já realizado pela Pixar.
O que torna “Toy Story 3” único, não é o fato de ser tecnicamente perfeito (cada cena é de um encanto sem fim), não é o roteiro magistral de Michael Arndt, ou as sempre geniais sacadas da Pixar (que surpresa linda é ver o Totoro de Miyazaki aparecer ali!). As razões (já mencionadas lá em cima) provavelmente dizem respeito ao fato de convivermos a algum tempo com personagens tão apaixonantes, com os quais já temos uma história: a encantadora vaqueira Jessie; Rex, o dinossauro medroso e inseguro; o Sr. e a Sra. Cabeça de Batata; o cachorro-mola Slik; o cavalinho Bala-no-Alvo. E outros novos que surgem aqui, como o divertido boneco Ken e a heróica e veemente boneca Barbie.
Mas, sobretudo e antes de qualquer coisa, o sensacional Buzz Lightyear, o brinquedo que não sabia que era um brinquedo, e o inesquecível Woody, o cowboy que nos ensinou o significado da palavra lealdade.

Assim como Andy, somos nós quem estamos, aqui, nos despedindo deles também.

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