sexta-feira, 15 de julho de 2016

Evilenko

   Rússia. Fim da década de 1970. Comunista convulsivo, o medíocre professor Andrzej Evilenko (Malcolm McDowell), por volta de seus quarenta e poucos anos, resolve dar vazão a um ímpeto psicopata que sempre guardou dentro de si, quando é demitido e obtêm o serviço de gerente de suprimentos numa fábrica, o quê lhe permite viajar, de estação em estação, passando por diferentes cidades.
   Ele passa a assediar e atacar crianças e adolescentes fazendo uma trilha de corpos que logo chega à casa das dezenas, e se estenderá ao longo de toda a vindoura década de 1980.
A atividade desse serial killer acirra os ânimos do serviço de polícia russo que contrata os serviços de um investigador partidário da KGB (Marton Csokas).
   Baseado no caso real de Andrei Chikatilo, assassino em série conhecido como “Açougueiro de Rostov”, este filme dirigido por David Grieco peca pela banalização dos eventos reais, revestindo-os com uma aura redundante de fábula (ressaltada na climática trilha sonora de Angelo Badalamenti, colaborador de David Lynch), o quê não se encaixa com sua proposta e ainda soa moralmente equivocado.
   No papel titulo, Malcolm McDowell (cuja referência suprema da carreira é e sempre será “Laranja Mecânica”, de Kubrick, ainda que alguns lembrem dele pelo famigerado “Calígula”) se perde em trejeitos que ele cultivou ao longo de toda carreira, povoada por vilões, em sua maioria rasos e superficiais, embora haja certo vestígio de mérito na sua tentativa de humanização desse monstro, sublinhando suas pulsões mesquinhas e covardes.
   No lado oposto, Marton Csokas está distante de qualquer empatia em seu registro estóico de homem da lei. Seu personagem é muito mais um arquétipo do que um ser humano propriamente dito, o que se torna bastante claro em inúmeras cenas, sobretudo na seqüência elíptica, bizarra e involuntariamente cômica do interrogatório de Evilenko, onde ele tenta extrair dele uma confissão e na qual os dois terminam nus (!).
  Um filme desses pedia por um realizador austero e convicto da visão que tem sobre o terrível personagem retratado, do contrário o resultado acaba sendo pedante e falho.

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