Robert De Niro é o tipo de ator que já não
precisa provar nada a ninguém. Por mais que sua carreira tenha obras
questionáveis como a recente comédia “Tirando O Atraso”, não há como apagar a
glória de grandes realizações como “Táxi Driver”, “O Poderoso Chefão-Parte 2”,
“O Franco Atirador”, “Touro Indomável” ou “Era Uma Vez Na América”, entre
outras.
Dessa forma, De Niro se dá ao luxo de, vez ou
outra, relaxar (embora seus críticos costumem afirmar que, nos últimos anos,
ele anda relaxando “demais”) em projetos completamente inofensivos e bobinhos
como este “Um Senhor Estagiário”.
De Niro é Ben, viúvo aposentado que, do alto de
seus setenta anos, resolve aceitar uma vaga para estagiário sênior oferecida
numa empresa de vendas via Internet, a fim de aprender coisas novas e preencher
o tédio que começava a tomar sua vida.
Sua chefe é a hiperativa e empreendedora Jules
Ostin (Anne Hathaway) que inicialmente mostra-se arredia e pouco paciente para
conviver com um funcionário que tem a mesma idade de seus pais, mas aos poucos,
a presença sábia, paternalmente aconchegante e polida de Ben se torna
imprescindível para ela.
Como todos os outros filmes que realizou antes,
este é um trabalho que reflete a personalidade de sua diretora, Nancy Meyers:
Uma obra agridoce, feita para o expectador assistir sem maiores atritos ou
arroubos, sem conflitos muito graves, nem qualquer tensão que exceda uma ou
outra cena.
É tal e qual seus trabalhos anteriores; desde
“Do Que As Mulheres Gostam”, com Mel Gibson e Helen Hunt, até “Simplesmente
Complicado”, com Meryl Streep e Alec Baldwin, passando por “Alguém Tem Que
Ceder”, com Diane Keaton e Jack Nicholson, e “O Amor Não Tira Férias”, com Kate
Winslet, Cameron Diaz, Jude Law e Jack Black. E por aí se percebe a fórmula com
a qual ela constrói seus filmes: Um elenco de dois ou mais nomes de respeito,
conferindo credibilidade à uma trama leve, não raro uma miscelânea pasteurizada
e inocente entre comédia, drama e romance.
Os nomes da vez são De Niro e Anne Hathaway,
longe daquele encanto apaixonante que ela conseguiu exalar em filmes
irregulares como “O Diário da Princesa” e “Garotas Sem Rumo”. Anne conquistou o
Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante ao interpretar Fantine no musical “Os
Miseráveis”, de Tom Hooper e, em algum momento desse ínterim, parece ter
perdido o brilho e o carisma, deixando transparecer ao público uma apatia que
parecia antes não existir.
Este “Senhor Estagiário”, por sua proposta e
apelo, aparentava ser uma tentativa de voltar àquela boa fase. Ela interpreta
curiosamente uma variação mais forçosamente simpática da chefe workaholic que
ela mesma teve de confrontar (personificada por Meryl Streep) no bastante superior
“O Diabo Veste Prada”.
É possível, aliás, estabelecer uma relação
entre esses dois filmes, por mais que este daqui, sendo tão insípido, tão suave
que chega a ser sonolento, faça com que uma analogia pareça até desnecessária.
É bonitinho e cheio de boas intenções, e a
presença de Robert De Niro (ainda que seja possível flagrar uma ou outra
impagável expressão de enfado que ele deixa escapar) nunca deixa de ser
imponente, mas o cinema sempre teve, tem e graças ao Bom Deus, sempre haverá de
ter filmes melhores e mais intensos para nos oferecer. Com sorte, pode até ser
que De Niro encontre espaço em alguns deles também.
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