O estilo da diretora Julie Taymor nunca me
despertou confiança: Oriunda dos palcos da Broadway, onde ficou muito famosa
com sua versão para os palcos da animação Dsiney, “O Rei Leão”, Julie tinha um
estilo que valia-se do verniz de ‘arte’ para impor uma encenação de gosto
duvidoso e até superficial em trabalhos que, se tocados por diretores mais
austeros, poderiam render boas obras, mas que, sob a batuta dela, não me
convenciam.
Filmes como “Frida” e “Titus”, ou o bem mais
recente “A Tempestade” são provas de sua estranha predileção da forma sobre o
conteúdo, ainda que todos eles, de alguma maneira, consigam flertar com uma
espécie de elitismo artístico.
Mas, toda regra tem a sua exceção.
E eis que, em meados de 2007, Juile Taymor
lança um filme incomum, ainda que a cara dela: Musical, imediatamente definido
por seu estilo, ocasionado por momentos de gosto estético discutível,
megalomaníaco, e acima de tudo, oprimido por sua própria beleza.
Ainda assim, havia um frescor, um brilho em “Across
The Universe” que superava a limitação de sua própria realizadora e o fazia um
filme merecedor de atenção: Era um painel das paixões e ansiedades da geração
politizada e ativista dos anos 1960 contado por meio de canções dos Beatles que
faziam parte fundamental da narrativa.
Toda aquela geração e aquele período, ganhavam
assim um compendio, através do qual, as letras das músicas sublinhavam os
contextos, e as melodias estabeleciam a atmosfera.
E em se tratando de Beatles, toda crítica é
redundante.
Durante a turbulenta transição dos anos 60 para
os anos 70, conhecemos Jude, um jovem estivador inglês (Jim Sturgess, adequado)
que, ao partir para os EUA, se apaixona por uma garota norte-americana chamada
Lucy (a linda e incrível Evan Rachell Wood), que mais tarde se torna militante
política, em parte por causa do irmão, convocado a lutar no Vietnã.
Embora apaixonados, a natureza contraditória
dos dois (ele é artista plástico) entra em conflito ameaçando separá-los.
Desnecessário dizer, então, que essa trajetória
vem pontuada por canções como “I Wanna Hold Your Hand”, “Dear Prudence”, “Jude”,
“Lucy In The Sky With Diamonds” e muitas outras.
Uma produção que se materializa por uma
premissa como essa já merece seu lugar no céu.
Assim, Julie Taymor urgiu
por meio dessa premissa, seu melhor filme, concebendo uma obra bem acabada,
eufórica, otimista e, inevitavelmente prazerosa no aspecto musical, só tropeçando
em momentos plasticamente equivocados da parte de sua diretora, contudo é sempre
gratificante assistir à versatilidade da talentosa Evan Rachel Wood que
mostra-se boa atriz e boa cantora em igual medida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário