domingo, 7 de agosto de 2016

Across The Universe

O estilo da diretora Julie Taymor nunca me despertou confiança: Oriunda dos palcos da Broadway, onde ficou muito famosa com sua versão para os palcos da animação Dsiney, “O Rei Leão”, Julie tinha um estilo que valia-se do verniz de ‘arte’ para impor uma encenação de gosto duvidoso e até superficial em trabalhos que, se tocados por diretores mais austeros, poderiam render boas obras, mas que, sob a batuta dela, não me convenciam.
Filmes como “Frida” e “Titus”, ou o bem mais recente “A Tempestade” são provas de sua estranha predileção da forma sobre o conteúdo, ainda que todos eles, de alguma maneira, consigam flertar com uma espécie de elitismo artístico.
Mas, toda regra tem a sua exceção.
E eis que, em meados de 2007, Juile Taymor lança um filme incomum, ainda que a cara dela: Musical, imediatamente definido por seu estilo, ocasionado por momentos de gosto estético discutível, megalomaníaco, e acima de tudo, oprimido por sua própria beleza.
Ainda assim, havia um frescor, um brilho em “Across The Universe” que superava a limitação de sua própria realizadora e o fazia um filme merecedor de atenção: Era um painel das paixões e ansiedades da geração politizada e ativista dos anos 1960 contado por meio de canções dos Beatles que faziam parte fundamental da narrativa.
Toda aquela geração e aquele período, ganhavam assim um compendio, através do qual, as letras das músicas sublinhavam os contextos, e as melodias estabeleciam a atmosfera.
E em se tratando de Beatles, toda crítica é redundante.
Durante a turbulenta transição dos anos 60 para os anos 70, conhecemos Jude, um jovem estivador inglês (Jim Sturgess, adequado) que, ao partir para os EUA, se apaixona por uma garota norte-americana chamada Lucy (a linda e incrível Evan Rachell Wood), que mais tarde se torna militante política, em parte por causa do irmão, convocado a lutar no Vietnã.
Embora apaixonados, a natureza contraditória dos dois (ele é artista plástico) entra em conflito ameaçando separá-los.
Desnecessário dizer, então, que essa trajetória vem pontuada por canções como “I Wanna Hold Your Hand”, “Dear Prudence”, “Jude”, “Lucy In The Sky With Diamonds” e muitas outras.
Uma produção que se materializa por uma premissa como essa já merece seu lugar no céu.
Assim, Julie Taymor urgiu por meio dessa premissa, seu melhor filme, concebendo uma obra bem acabada, eufórica, otimista e, inevitavelmente prazerosa no aspecto musical, só tropeçando em momentos plasticamente equivocados da parte de sua diretora, contudo é sempre gratificante assistir à versatilidade da talentosa Evan Rachel Wood que mostra-se boa atriz e boa cantora em igual medida.

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