Adaptado do livro de Robert Harris, lançado em 2011, “Conclave” pode ser descrito como um filme onde, durante toda a sua totalidade, acompanhamos homens religiosos (cardeais, em sua maioria) a dialogar pelos cantos, ocupados com seus dilemas e com as conspirações internas de sua própria política –no entanto, apesar de aparentemente se restringir realmente a isso, o filme de Edward Berger (cuja obra anterior, “Nada de Novo No Front”, já havia deixado bem claro seu potencial) consegue envolver, surpreender e engajar amparado em alguns valores hiperlativos que o fazem cinema de altíssimo nível: O roteiro brilhantemente construído e conduzido (tanto que venceu a categoria de Melhor Roteiro Adaptado no Oscar 2025), o elenco primoroso que eleva a tensão e o suspense embutidos nas intrigas, e sua prodigiosa montagem, capaz de impor ritmo e atmosfera onde poderia não haver nada disso.
O Vaticano é abalado pelo notícia da morte do
Papa. A fim de eleger um novo pontífice, os poderosos cardeais, proeminentes
figuras de liderança da Igreja Católica ao redor de todo o mundo se reúnem para
a execução de um conclave, por meio do qual, após dias de deliberação e
votação, isolados de todo o mundo, devem chegar a um consenso e apontar o novo
Papa entre um deles mesmos.
Para conduzir tal conclave com o máximo de
parcimônia, harmonia e sensatez é escolhido o torturado Cardeal Lawrence (Ralph
Fiennes, digno de um Oscar), cujas atribulações o levaram a uma tentativa de
renunciar ao seu cargo religioso, a despeito de despontar como um dos possíveis
candidatos a novo Papa. Outros a disputar o papado são: O cotadíssimo Cardeal
Tremblay (John Lithgow), oculto atrás de segredos conspiratórios que logo
revelam ser ele uma verdadeira serpente; o Cardeal Adeyemi (Lucian Msamati), da
África, truculento e objetivo como seu ofício exige, mas dono de um passado
comprometedor; o Cardeal Tedesco (Sergio Castellitto, de “O Último Beijo” e “Imensidão Azul”), cujas posturas ideológicas extremistas fazem dele um correspondente aos
inquisidores da Idade Média nos tempos atuais (!); e o estratégico ainda que
demasiado errático Cardeal Bellini (Stanley Tucci).
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