Não há como negar que alguns dos filmes
integrantes da famigerada lista de “filmes mais perturbadores do cinema” apesar
da experiência atroz e plena de desconforto à que submetem o expectador, são
obras de arte indiscutíveis.
Outros são meros pretextos para escatologia,
bizarrice, violência e subsistência extrema.
A diferença, na maioria das vezes, está em seus
diretores a na proposta sempre artística com a qual abordam contextos tão
terríveis.
Dentre eles, alguns manipulam tais elementos
como mestres.
David Lynch (“Eraserhead”), John McNaughton
(“Henri-Retrato de Um Assassino”), Gaspar Noé (“Enter The Void” e
“Irreversível”), Ken Russell (“Os Demônios”), Todd Browning (“Monstros”), e
Takashi Miike (“Audition” e “Visitor Q”) são alguns deles.
E já que falamos de Takashi Miike, vamos
relembrar de um de seus mais cultuados (e execrados, em igual medida)
trabalhos: O brutal, massacrante e também largamente perturbador “Ichi”.
A narrativa brutal e despojada de Miike nos
arremessa ao Japão, onde um chefe da máfia Yakuza, some enquanto portava três
milhões de yens. O responsável por sua morte (numa das muitas cenas de
inapelável barbárie deste filme) é Ichi, um assassino psicopata com uma
infância obscura e secreta, ainda que seu aspecto banal –inerente à muitos
psicopatas –faça com que todos subestimem sua capacidade de matar.
Os indignados membros da Yakuza, liderados pelo
masoquista Kakihara, iniciam uma busca vingativa e implacável pelo responsável,
mas a agressividade de seus métodos sangrentos os leva a entrar em choque com
os membros de outra gangue. Para complicar ainda mais, Kakihara contrata o
próprio Ichi, sem ter a menor idéia de que seus atos são controlados por um
policial aposentado.
Takashi Miike constrói
assim uma ciranda macabra de crime e ultraviolência onde exercita sua
incansável capacidade para elaborar cenas de agressão extrema.
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