“Bone Tomahawk” –título original –não é um
filme para todos. É um faroeste, e tem Kurt Russell, e param por aí as
semelhanças com “Os Oito Odiados”, de Quentin Tarantino.
Seu diretor e roteirista, S. Craig Zahler, não
se mostra interessados em duelos ao pôr-do-sol, os demonstrações romantizadas
de honra que fizeram a fama do gênero –seu olhar está o tempo todo voltado para
as condições atrozes à que foram submetidos os homens e as mulheres que ousaram
tentar sobreviver no Velho Oeste.
É assim que encontramos os personagens
principais, moradores da cidadezinha de Bright Hope. O xerife Hunt (Russell,
ótimo como sempre) prende um suspeito forasteiro que apareceu no bar local
(David Arquette), sem saber que ele profanou um cemitério indígena, dias antes.
Na calada da noite, índios aparecem e levam junto com ele uma moça, assistente
do médico do lugar e o jovem assistente do xerife.
Dessa maneira, Hunt junta um grupo de resgate,
formado por seu idoso assistente, Chicory (Richard Jenkins, fantástico), pelo
perplexo –e aleijado –marido da moça, Arthur (Patrick Wilson), e pelo irascível
almofadinha Brooder (Mathew Fox), e partem ao encalço dos selvagens, sob o
apavorante alerta de que os índios que procuram são primitivos e capazes das
mais terríveis atrocidades.
A partir daí, o diretor Zahler não tem pressa
em esmiuçar todos os obstáculos naturais e existenciais que surgem frente ao
grupo, devastando pouco a pouco sua determinação.
Embora as cenas externas predominem, com a
câmera enfatizando a poderosa opressão do desolado horizonte aberto, este é um
filme essencialmente intimista; a angústia que brota dos personagens encontra
trânsito livre para chegar ao expectador.
Afirmar que este é um faroeste revisionista
seria redundante: Ele é um esforço natural –e legítimo, sendo Zahler também um
escritor –em transpor um retrato no Oeste muito mais autêntico e realista,
despojado e condizente com a realidade, muito mais frequentemente empregado na
literatura do que no cinema –onde prevalece o romantismo dos grandes clássicos.
Este grande filme de Zahler não tem espaço para
qualquer romantismo, ou mesmo as homenagens referenciais dos faroestes de
Tarantino, a não ser que se tome por referência as cenas terrivelmente
sangrentas e impiedosas, infligidas aos personagens na parte final, quando
enfim encontram os tais índios, e que por vezes parecem saídas do perturbador e
brutal “Holocausto Canibal”.
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