Existem filmes tão equivocados em sua proposta
que é difícil determinar o quê pretendiam dizer, ou o quê, no fim das contas,
são.
Este conto algo lisérgico sobre decadência
parece ensaiar uma tentativa de ser um drama, uma referência tênue, gaiata e
muito hesitante à “Monstros”, de Todd Browning, arrisca virar uma história de
amor, mas esbarra na falta de química atroz do par central, e acaba
encerrando-se num final circular que, embora até interessante, nada acrescenta
ao todo.
O problema talvez seja –como veremos mais
adiante –os três principais nomes envolvidos na produção: O ator Mickey Rourke
(que à despeito de seu talento, aqui mostra-se completamente perdido), a atriz
Megan Fox e o diretor Micht Glazer, que trabalha num roteiro de sua própria
autoria.
Mickey Rourke é Nate Poole, um trompetista que
vive à duras penas nas empoeiradas cidades do meio-oeste americano, vivem de
tocar em espeluncas e boates de strip-tease. Logo no início ele é abordado por
um matador contratado que o leva para o deserto a fim de executá-lo por ter
mexido com a mulher errada. E nessas primeiras cenas já se percebe a
incapacidade do diretor em dar qualquer fôlego narrativa à elas.
Poole é salvo, sem maiores explicações, por
atiradores índios vestidos de branco (!) e, a partir daí, caminha a esmo pelo
deserto, terminando por deparar-se com um circo de aberrações.
É curioso notar que, embora o roteiro pertença
ao diretor, ele não soube enfatizar o aspecto absurdo e surreal que pulsa de
sua trama, e optou por uma condução que soa desanimada e desanimadora o tempo
todo.
Por isso, já não nos importamos muito quando o
personagem de Rourke encontra Lilly (Megan Fox, ratificando sua incapacidade
como atriz), uma bela jovem que, sabe-se lá como, possui duas asas nas costas
(como um anjo), e que por isso é a atração principal do lugar. Poole a convence
a fugir dali com ele e, embora haja uma conexão amorosa que se consuma, ele a
sua como moeda de troca numa negociação que envolve o gangster que havia
encomendado sua morte (Bill Murray, graças à Deus uma coisa que presta neste
filme!).
Assim, além da pretensão em carregar seus
personagens (sobretudo o protagonista) em tintas ambíguas, que terminam apenas
lhe conferindo uma prejudicial apatia, a produção não diz a que veio, seja como
romance, como suspense, drama alegórico ou qualquer coisa que seja.
Mickey Rourke e Megan Fox estão tão ruins em
cena que parecem competir quem tem o rosto de botox mais inexpressivo (acho que
é Mickey Rourke!) e, como eles são os protagonistas, isso corresponde a noventa
e cinco por cento de todo o filme!!!
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