Das primeiras tentativas do hoje astro
consolidado Dwayne ‘The Rock’ Johnson em tentar emplacar como herói de ação
–para o qual tem um físico perfeito –este “Bem-Vindo À Selva” (não confundir
com uma produção mais recente e infame estrelada por Van Damme) foi uma grata
surpresa em razão da direção cheia de propriedades de Peter Berg, que mais
tarde emplacaria filmes irregulares e diversos como “Hancock”, “O Reino”,
“Battleship” e “O Grande Herói” –em comum, todos os seus trabalhos revelam uma
vigorosa noção de ritmo.
Essa característica já era fortemente
perceptível neste despretensioso filme de ação lançado em 2004, no qual The
Rock (revelando mais capacidade interpretativa do que em seu trabalho anterior,
o divertidamente descompromissado “Escorpião Rei”) é um mercenário cheio de
manias que sonha em abrir um restaurante e, para tanto, viaja ao Brasil para
lucrar em uma última missão: trazer para os EUA o filho fujão de um milionário (Seann
Willian Scott, na época ainda gozando de sucesso junto ao público juvenil pelo
seu Stiffler de “American Pie”).
Impertinente, o rapaz revela-se um arqueólogo
apaixonado quando é enfim encontrado. Seu objetivo em terras brasileiras é
achar uma valiosa peça arqueológica, mas seu plano bate de frente com os
interesses das pessoas moradoras daquela região –uma síntese de Serra Pelada
com a ambientação de algumas aventuras de Indiana Jones –que, oprimidas e
empobrecidas, dependem do dinheiro obtido com a relíquia para melhorar de vida.
Todos na verdade terão de se acertar com o vilão local (Christopher Walken, à
vontade) que controla um bando de bandidos mal-encarados e praticamente manda
no lugar.
Como na maioria desses filmes, o que importa
aqui não é a originalidade e nem a engenhosidade com as quais a história é
contada (ausentes, diga-se), mas a maneira envolvente e fluida com que tudo
transcorre, tornando o filme assim exatamente aquilo que ele é: Um bom
passatempo.
Basta pegar a dica na participação relâmpago
(estilo piscou, perdeu) especialíssima de Arnold Schwarzenegger logo na cena
inicial do filme. Ele olha para The Rock e apenas diz: Divirta-se!
Um comentário à parte requer o modo com o
Brasil e os brasileiros são retratados no filme: Da forma mais caricata,
exagerada e equivocada possível.
Não chega ao mesmo grau de ofensa do terror
“Turistas”, mas dá uma boa idéia da maneira afetada com que os brasileiros em
particular (e os sul-americanos em geral) são vistos pelos EUA, ou pelo menos
pela sua indústria do entretenimento: Vivem sujos e em estado precário pelas
ruas barrentas, falam com sotaque macarrônico, embora alguns personagens
específicos sejam mais fluentes em inglês do que na própria língua portuguesa
–a brasileira interpretada por Rosaria Dawson, por exemplo, não sabe falar a
palavra “gato” (ao invés disso diz “garbo”...), mas não erra nenhuma palavra em
inglês (!).
Pelo menos, uma explicação
existe: A equipe até fez um reconhecimento no Brasil durante sua pré-produção,
mas como foram assaltados durante sua estada aqui (!), eles decidiram filmar as
cenas ambientadas no Brasil em locações no Hawaí (ou seja, no fim das contas, até fizemos por merecer).
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