quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Inimigos do Império

Menos conhecido aqui no Ocidente do que outros de seus pares (leia-se, Ang Lee, Zhang Ymou e Chen Kaige), o diretor Feng Xaogang permaneceu bem mais adepto das tramas rocambolescas do que das acrobacias que desafiam a gravidade e as seqüências de luta que impregnaram muitas das realizações de seus conterrâneos depois que “O Tigre e O Dragão”, de Lee, virou um fenômeno. Tal postura valeu a ele a alcunha de ‘Woody Allen chinês’.
Essa é precisamente a percepção com a qual se apreende a narrativa deste trabalho seu, lançado em 2006.
Ambientado na china imperial, “Inimigos do Império” mostra as maquinações que rondam a jovem Wan (Zhang ZiYi), esposa do velho imperador que, a despeito de sua astúcia e ambição, cultiva ela própria as sementes de sua destruição ao nutrir um amor secreto pelo enteado (Daniel Wu), o que leva a uma série de conflitos e intrigas palacianas que afetam toda a nação, logo após a morte de seu marido: No lugar do herdeiro de fato, quem sobe ao trono, inesperadamente, é o irmão do falecido, obrigando-a a desposar não o rapaz que ama, mas o homem que quer matá-lo.
Não é apenas altruísmo que norteia essas atitudes de Wan –ela também o faz pela privilegiada posição de imperatriz, o quê denota nesta personagem (e reflete-se, por sua vez, nos demais coajuvantes) a habilidade pertinente com que Xaogang constrói o caráter ambíguo dos participantes de seu jogo de poder.
Tudo caminha para a cerimônia de um banquete na qual todos os planos e tramóias terão um desfecho, como, aliás, sugere seu título em inglês: “The Banquet”.
Feng Xaogang entrega assim um trabalho suntuoso e cerimonioso, com relativamente poucas cenas de artes marciais, que ressalta, sobretudo, a presença da estrela chinesa Zhang Zi Yi, belíssima mulher e boa atriz. Mas o resultado não tem o brilhantismo de "O Clã das Adagas Voadoras", nem a excelência artística de "O Tigre e O Dragão".

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