terça-feira, 21 de março de 2017

Educação

O começo de “Educação” é magnificamente promissor: Os créditos iniciais se apresentam expressivos e dinâmicos, sugerindo ritmo e inventividade à narrativa, os primeiros takes até ensaiam uma premissa em torno do universo estudantil (o quê, mais tarde, não se confirma...) e a música sensacional de Paul Englishby estabelece de pronto um espírito de descontração e alegria que não se vê com freqüência no cinema independente norte-americano.
Tão logo sua trama se inicia, contudo, muito dessa impressão se dissolve, ainda que o filme da diretora Lone Scherfig (de “Italiano Para Principiantes”) preserve o tempo todo um interesse satisfatório em acompanhá-lo.
Se há algo que corresponde à expectativa do início, é o trabalho extraordinário da atriz Carey Mulligan. Ela interpreta uma garota adolescente moradora do subúrbio de Londres nos anos 1960, prestes a se formar e a prestar exames na concorrida universidade de Oxford.
Quando ela conhece um playboy com o dobro da sua idade (Peter Sarsgaard, muito bem), aos poucos iniciando com ele um relacionamento, a jovem é introduzida num mundo fascinante de festas, cultura e arte que parece ser, para ela, uma alternativa de bem-estar e diversão ao trabalhoso e enfadonho caminho universitário que lhe foi traçado.
Escrito pelo romancista (e expert em cultura pop) Nick Hornby, este notável drama inglês vem carregado de alto-astral, em grande parte graças à atuação sensível, profunda e descontraída de sua atriz principal, o quê contribui para sua salutar capacidade de alcance ao gosto do expectador.
Aos poucos o filme ensaia uma curiosa análise da complexa condição da mulher moderna nos anos 1960 de então.

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