Crossovers entre personagens bastante
conhecidos do público não são exclusividade do cinema comercial recente: Muito
antes de “Batman Vs. Superman”, “Alien X Predador” ou Freddy X Jason” tivemos
este “Zatoichi Vs. Yojimbo” que colocou frente e frente dois dos mais queridos
personagens do cinema japonês; Zatoichi, o samurai cego recordista em aparições
no cinema (este filme foi o seu vigésimo!), e Sanjuro, protagonista de dois
filmes seminais do mestre Akira Kurosawa, “Yojimbo-O Guarda-Costas” e “Sanjuro”
(aqui ele é chamado somente de Yojimbo).
Uma crise de saudosismo leva o samurai errante
Zatoichi (Shintaro Katsu, um dos muitos atores a interpretar o personagem em
sua vasta sucessão de filmes) a regressar para sua aldeia natal. Mas, ao chegar
lá, as coisas estão diferentes da forma como se recordava: O vilarejo é
controlado pela Yakuza e um de seus mais respeitados contratados é o samurai
Yojimbo (o primeiro e único Toshiro Mifune), ainda que sua lealdade penda,
muito pouco, pra seus contratantes, e muito mais para aquilo que lhe prover um
ganho melhor.
O equilíbrio de poder é tênue (dividido entre o
caprichoso homem mais rico do lugar e seu filho mimado e imaturo, Masagoro,
representante da Yakuza) e todos querem se apossar de uma generosa carga de
ouro escondido.
De maneira um tanto quanto relutante, Zatoichi
–que, de início, muitos acreditam ser um inocente massagista –e Yojimbo formam
uma parceria que pode representar a única maneira dos aldeões se livrarem dos
vilões de fato.
Certamente, o diretor contratado para esta
produção, Kihachi Okamoto, não tem o vigor narrativo ostentado por Akira
Kurosawa, e nem a inventividade visual de Seijun Suzuki (diretor contratado da
Nikatsu Produções, mas que conseguia impor uma identidade visual e autoral em
seus trabalhos, apesar de tudo). Okamoto se satisfaz entregando uma obra de
contornos comerciais modestos, mas bem conduzida e bem acabada em sua proposta
–seria necessário um desleixo sem igual para estragar um roteiro onde se
testemunha o encontro de dois monstros de carisma como estes dois personagens.
É uma aventura divertida,
movimentada e satisfatória nos moldes daquelas lançadas nos anos 1970, mais
tarde tornadas bastante obscuras (sobretudo, aqui no Ocidente) e que fizeram o
deleite do menino Quentin Tarantino durante sua juventude de peregrinação pelas
locadoras, onde encontrava pérolas desta espécie.
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