O celebrado autor de cinema Woody Allen vinha
de uma seqüência pouco frutífera de filmes realmente memoráveis na década de
1990 –e que adentrou alguns anos na década de 2000 –quando a maré começou a
mudar e seu ímpeto criativo voltou com trágico suspense, carregado de aspectos
de Dostoievski, “Match Point”, ambientado em Londres.
Ao mesmo tempo, parecia que ele havia
descoberto uma nova musa: A formidável Scarlett Johansson, com quem depois fez
o gracioso “Scoop-O Grande Furo” e este “Vicky Cristina Barcelona” –entre esses
dois últimos ele ainda entregou o pouco conhecido suspense “O Sonho de
Cassandra”.
Numa de suas premissas mais leves e descontraídas
nos últimos tempos, Allen acompanha duas amigas norte-americanas de
personalidades e temperamentos opostos que vão passar suas férias em Barcelona,
na Espanha (e parecia ser também uma espécie de novo método criativo de
Allen,na época, eleger cidades específicas como cenário de seus novos filmes,
afastando-se –apenas por algum tempo –de sua tão adorada Nova York).
Vicky (Scarlett Johansson, perfeita e sensual
como sempre, em sua terceira colaboração com o diretor) enxerga a viagem como
uma forma de aproveitar a vida em toda sua plenitude, o quê inclui a
possibilidade de alguns excessos. Já, Cristina (Rebecca Hall, atriz mais
conhecida em teatro, que revela-se uma grata surpresa) sob o pretexto de
acompanhar a amiga em seus percalços, evita as vicissitudes como forma de
enfatizar sua virtude, lembrando o tempo todo que está noiva e de casamento
marcado.
As duas acabam por se envolver com um sedutor
artista plástico (o ótimo Javier Barden, recém-saído do oscarizado “Onde Os
Fracos Não Têm Vez”) e seus sucessivos contratempos com sua tempestuosa
ex-esposa (Penélope Cruz, nunca menos que sensacional no filme que lhe rendeu o
Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante).
Woody Allen entrega mais
uma de suas teses do relacionamento de homens e mulheres, recheadas de sarcasmo
e observações espirituosas. Ele utiliza os expedientes de sempre para o seu
filme mais gracioso e simpático desde "Desconstruindo Harry" (pelos
menos até realizar, alguns anos mais tarde, o maravilhoso “Meia Noite em
Paris”), amparado, como de hábito, na maestria de um elenco brilhante.
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