segunda-feira, 24 de abril de 2017

A Guerra do Fogo

Toda uma nova linguagem gestual e corporal teve de ser criada a fim de materializar este audaz projeto do diretor Jean-Jacques Annaud (em estado de graça naqueles idos dos anos 1980) que visualizou –e concretizou –o primeiro épico antropológico pré-histórico com absoluto rigor cinematográfico e realismo histórico.
E pode-se dizer que ele permanece, mais de trinta e cinco anos depois, um exemplo único na história do cinema: Filmes anteriores como “Mil Anos Antes de Cristo”, ou a sátira italiana “Grunt” não tinham qualquer relevância factual, e filmes subseqüentes como “A Tribo da Caverna do Urso”, não ostentavam a mesma excelência técnica e artística ou, como o mais recente “10.000 Anos Antes de Cristo”, afundavam na própria inverossimilhança.
Ambientado na “Aurora do Homem” –subtítulo da primeira parte de “2001-Uma Odisséia No Espaço”, que talvez tenha inspirado este filme, ainda que ele tenha sido adaptado do livro de J.H. Rosny –a obra de Annaud inicia-se quando uma tribo de neandertais, cuja manutenção do precioso fogo que acendia suas fogueiras à noite consistia em nunca de fato apagá-lo, é atacada.
Ao se reagrupar mais tarde, eles dão-se conta de que a chama que lhes provinha luz e calor se extinguiu, e enviam três de seus integrantes (Everett McGill, Ron Perlman e Nicholas Kadi) numa jornada em busca de uma chama similar. O caminho lhes conduz a tribos de truculência e violência muito mais intensificadas, e à um grupo de mulheres mais evoluídas, entre as quais uma delas (Rae Dawn Chong) passa a acompanhá-los.
Ao longo dessa trajetória épica, eles descobrirão, entre outras coisas, novos meios de lutar (e de matar), aprenderão a manifestação do riso e, por fim, o conhecimento da criação do fogo.
Merecidíssimo vencedor do Oscar de Melhor Maquiagem, um épico espetacular em seus próprios e originais termos.

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