Toda uma nova linguagem gestual e corporal teve
de ser criada a fim de materializar este audaz projeto do diretor Jean-Jacques
Annaud (em estado de graça naqueles idos dos anos 1980) que visualizou –e
concretizou –o primeiro épico antropológico pré-histórico com absoluto rigor
cinematográfico e realismo histórico.
E pode-se dizer que ele permanece, mais de
trinta e cinco anos depois, um exemplo único na história do cinema: Filmes
anteriores como “Mil Anos Antes de Cristo”, ou a sátira italiana “Grunt” não
tinham qualquer relevância factual, e filmes subseqüentes como “A Tribo da
Caverna do Urso”, não ostentavam a mesma excelência técnica e artística ou,
como o mais recente “10.000 Anos Antes de Cristo”, afundavam na própria
inverossimilhança.
Ambientado na “Aurora do Homem” –subtítulo da
primeira parte de “2001-Uma Odisséia No Espaço”, que talvez tenha inspirado
este filme, ainda que ele tenha sido adaptado do livro de J.H. Rosny –a obra de
Annaud inicia-se quando uma tribo de neandertais, cuja manutenção do precioso
fogo que acendia suas fogueiras à noite consistia em nunca de fato apagá-lo, é
atacada.
Ao se reagrupar mais tarde, eles dão-se conta
de que a chama que lhes provinha luz e calor se extinguiu, e enviam três de
seus integrantes (Everett McGill, Ron Perlman e Nicholas Kadi) numa jornada em
busca de uma chama similar. O caminho lhes conduz a tribos de truculência e
violência muito mais intensificadas, e à um grupo de mulheres mais evoluídas,
entre as quais uma delas (Rae Dawn Chong) passa a acompanhá-los.
Ao longo dessa trajetória épica, eles
descobrirão, entre outras coisas, novos meios de lutar (e de matar), aprenderão
a manifestação do riso e, por fim, o conhecimento da criação do fogo.
Merecidíssimo vencedor do Oscar de Melhor Maquiagem, um épico espetacular em seus
próprios e originais termos.
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