Mais ou menos como no celebrado "Meia
Noite Em Paris", Woody Allen usa de expedientes mágicos para contar esta
história, lá no fundo, uma reflexão pessoal sobre arte e fé.
A verdade é que este é um dos filmes nos quais
ele adotou uma espécie de fórmula: Afastar-se um pouco (mas, só um pouco) de
sua amada Nova York, para então, procurar novas inspirações e novos temas que
tivessem por ambientação e influência outras cidades ao redor do mundo, com
todas as referências cinematográficas, artísticas e pessoais que essas cidades
traziam em sua bagagem cultural e afetiva.
Desse princípio, surgiram obras, se não
geniais, ao menos notáveis e graciosas como o já citado “Meia Noite Em Paris”
–talvez, o melhor dessa safra –o hitchcockiano “Match Point”, o lascivo “Vicky
Cristina Barcelona”, o exultante e macarrônico “Para Roma, Com Amor” e outros.
O local aqui escolhido é a encantadora e
ensolarada Florença, na Itália, a lembrar a ambientação de tantas obras
agraciadas de Eric Rohmer; e tal e qual o francês, Allen –num gesto de
referência, talvez –pontuada seu filme com diálogos de natureza questionadora
acerca da arte, das crenças e dos valores universais.
Mas, Allen não deixa de registrar tudo com um
humor irresistível e, aqui, notadamente leve.
Stanley (Colin Firth, no topo da lista dos
melhores atores a incorporar um alter-ego de Woody Allen), ele próprio um
celebrado ilusionista, mágico dos palcos especializa-se em desmascarar
charlatões que se aproveitam da ingenuidade alheia, menos por altruísmo e mais
por um niilismo irreprimível (e muitas vezes inconveniente) que o norteia.
Chamado ao interior da Itália, em Florença,
para socorrer uma família de ricaços que se encantou com uma suposta médium (a
apaixonante e luminosa Emma Stone), ele se surpreende com a espontaneidade e
autenticidade da jovem que foi desmascarar.
Diante das surpreendentes capacidades dela, ele
começa a questionar seus próprios conceitos.
Aqui mais gracioso do que
ferino, Allen se vale de um elenco que normalmente só grandes diretores como ele
são capazes de reunir: Sua obra é agraciada com os talentos excepcionais de
Colin Firth, Emma Stone e dos ótimos Simon McBurney, Márcia Gay Harden e Jacki
Weaver.
Nenhum comentário:
Postar um comentário