Belamente conduzida pelo talentoso diretor
Graig Gillespie (de “Lars And The Real Girl” e a refilmagem de “A Hora do Espanto”),
esta produção tem toda uma roupagem e um esforço artístico na tentativa de
emular um filme de antigamente, com todos os trejeitos e aspectos das produções
à moda antiga: Não apenas os figurinos e a direção de arte se esmeram nesse
objetivo, como também a própria postura narrativa resgata elementos de um
cinema mais antiquado e não menos charmoso, com takes mais prolongados do que o
habitual, onde é capturada –enquanto é possível –a sutileza da encenação, assim
como a maneira com que os atores (como Chris Pine, Casey Affleck e Ben Foster)
são orientados a entregar uma atuação de mais languidez e lentidão gestual.
Chris Pine, aliás, é o tipo de ator cujo
semblante clássico de bom-mocismo convence como alguém que pertence à uma época
antiga; prova disso é o seu bom trabalho como Steve Trevor em “Mulher
Maravilha”.
Não é à toa, pois tudo o que vemos em cena
pertence realmente à outra época: O ano de 1952.
O inverno se abate sobre a costa de Cap Cod,
região da Nova Inglaterra onde trabalham os guardas navais Bernie Webber
(Pine), Richard Lievesey (Foster) e Andy Fitzgerald (Kyle Gallner). Eles são
designados, ao lado do voluntário Ervin Maske (John Magaro), por seu
comandante, o capitão Cluff (Eric Bana) a usar um barco de pequeno porte e
tentar encontrar a localização do S.S. Pendelton, enquanto todos os outros
barcos da guarda costeira se ocupam do resgate à outro barco, o Fort Mercer,
que acidentou-se em outro lugar.
Mas, a situação do Pendelton é extremamente periclitante:
Partido ao meio devido à força do mar bravio, a embarcação obrigou seu
engenheiro, Ray Sybert (Casey Affleck), à uma decisão desesperada –fazer com
que o barco encalhasse num banco de areia, retendo por algum tempo seu
afundamento e permitindo esperar por socorro; os botes salva-vidas revelaram-se
inviáveis naquele mar intempestivo.
Neste trecho, quando a narrativa sem pressa de
Gillespie já chegou quase à metade de sua duração, o filme revela outra faceta,
menos envolvente, porém certamente mais comercial: A do filme de aventura
marítima vislumbrado pelo estúdio, que lembra bastante, diga-se, a produção
“Mar Em Fúria”, com George Clooney, inclusive ostentando o mesmo uso imodesto
de efeitos visuais que recriam, com eficácia, a impressão alarmante de se ver
jogo em meio à uma tempestade de vento e água.
Bernie e seu pequeno grupo, para desespero de
sua noiva Miriam (a bela Holliday Grainger, da série “Os Bórgias”), decidem
enfrentar as tormentas inacreditáveis do mar revolto e encontrar a embarcação
naufragada. O problema: O pequeno barco que possuem abriga somente doze pessoas,
e os sobreviventes do Pendelton contam trinta e dois (!).
“Ou todos viveremos! Ou todos morreremos!”
argumenta Bernie, convicto de que deve tentar salvar e levar à terra firme cada
um deles.
Esse gesto levou ao que é,
até hoje, considerado o maior resgate naval em um barco de pequeno porte de toda
a história da guarda costeira norte-americana, como atesta a história real na
qual este belo filme é baseado.
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