segunda-feira, 19 de junho de 2017

Horas Decisivas

Belamente conduzida pelo talentoso diretor Graig Gillespie (de “Lars And The Real Girl” e a refilmagem de “A Hora do Espanto”), esta produção tem toda uma roupagem e um esforço artístico na tentativa de emular um filme de antigamente, com todos os trejeitos e aspectos das produções à moda antiga: Não apenas os figurinos e a direção de arte se esmeram nesse objetivo, como também a própria postura narrativa resgata elementos de um cinema mais antiquado e não menos charmoso, com takes mais prolongados do que o habitual, onde é capturada –enquanto é possível –a sutileza da encenação, assim como a maneira com que os atores (como Chris Pine, Casey Affleck e Ben Foster) são orientados a entregar uma atuação de mais languidez e lentidão gestual.
Chris Pine, aliás, é o tipo de ator cujo semblante clássico de bom-mocismo convence como alguém que pertence à uma época antiga; prova disso é o seu bom trabalho como Steve Trevor em “Mulher Maravilha”.
Não é à toa, pois tudo o que vemos em cena pertence realmente à outra época: O ano de 1952.
O inverno se abate sobre a costa de Cap Cod, região da Nova Inglaterra onde trabalham os guardas navais Bernie Webber (Pine), Richard Lievesey (Foster) e Andy Fitzgerald (Kyle Gallner). Eles são designados, ao lado do voluntário Ervin Maske (John Magaro), por seu comandante, o capitão Cluff (Eric Bana) a usar um barco de pequeno porte e tentar encontrar a localização do S.S. Pendelton, enquanto todos os outros barcos da guarda costeira se ocupam do resgate à outro barco, o Fort Mercer, que acidentou-se em outro lugar.
Mas, a situação do Pendelton é extremamente periclitante: Partido ao meio devido à força do mar bravio, a embarcação obrigou seu engenheiro, Ray Sybert (Casey Affleck), à uma decisão desesperada –fazer com que o barco encalhasse num banco de areia, retendo por algum tempo seu afundamento e permitindo esperar por socorro; os botes salva-vidas revelaram-se inviáveis naquele mar intempestivo.
Neste trecho, quando a narrativa sem pressa de Gillespie já chegou quase à metade de sua duração, o filme revela outra faceta, menos envolvente, porém certamente mais comercial: A do filme de aventura marítima vislumbrado pelo estúdio, que lembra bastante, diga-se, a produção “Mar Em Fúria”, com George Clooney, inclusive ostentando o mesmo uso imodesto de efeitos visuais que recriam, com eficácia, a impressão alarmante de se ver jogo em meio à uma tempestade de vento e água.
Bernie e seu pequeno grupo, para desespero de sua noiva Miriam (a bela Holliday Grainger, da série “Os Bórgias”), decidem enfrentar as tormentas inacreditáveis do mar revolto e encontrar a embarcação naufragada. O problema: O pequeno barco que possuem abriga somente doze pessoas, e os sobreviventes do Pendelton contam trinta e dois (!).
“Ou todos viveremos! Ou todos morreremos!” argumenta Bernie, convicto de que deve tentar salvar e levar à terra firme cada um deles.
Esse gesto levou ao que é, até hoje, considerado o maior resgate naval em um barco de pequeno porte de toda a história da guarda costeira norte-americana, como atesta a história real na qual este belo filme é baseado.

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