segunda-feira, 31 de julho de 2017

Free Fire

Feito daquele ímpeto desigual que normalmente acaba concretizando filmes ligeiramente desregrados, incomuns e curiosos que viram cult, este “Free Fire” parece deixar a pretensão de lado, na maioria de sua duração, para concentrar-se em ser um hábil conto sobre uma venda de armas que deu terrivelmente errado.
Recheada, nesse ínterim, de tiros em profusão.
Para deixá-lo cheio de charme, o jovem diretor Ben Wheatley ambienta tudo em Boston no que parecem ser os anos 1970 (roupas e cabelos são indicativos) e coloca um elenco feito de escolhas pouco usuais para dar corpo aos personagens marginais envolvidos nessa encrenca. Logo, nos chama a atenção a presença da maravilhosa Brie Larson (linda, competente e ganhadora do Oscar de Melhor Atriz por “O Quarto de Jack”) no papel de Justine, a única mulher presente nessa presepada toda, uma espécie de moderadora entre Chris (Cillian Murphy, ótimo), o irlandês que deseja adquirir armas e Vernon (o excêntrico e sensacional Sharlto Copley, de “Distrito 9”) que quer vender tais armas para ele; mas, logo fica claro que não será uma venda das mais tranqüilas, sobretudo, porque as personalidades do vendedor (provocativo, presunçoso e pouco confiável) e do comprador (arredio, paranóico e avesso à mudanças de última hora) insistem em querer colidir.
Há mais pessoas que servirão de alvos para as balas: O estiloso e ladino Ord (Armie Hammer, de “A Rede Social”) que aparece como negociador e uma série de comparsas para ambos os lados; o viciado intragável e encrenqueiro Stevo (Sam Riley); o instável Harry (Jack Reynor, de “Transformers-A Era da Extinção”, irreconhecível); o discursivo Frank (Michael Smiley); o furtivo e traiçoeiro Gordon (Noah Taylor) e muitos outros.
Some-se a esse pessoal a presença de dois franco-atiradores, contratados por algum deles na intenção de trair os demais, e uma desavença entre Stevo e Harry envolvendo a prima de um deles na noite anterior e o diretor Wheatley tem então o pavio perfeito para o seu barril de pólvora. Tudo o que sua narrativa precisa fazer é acompanhar com relativo fascínio pela violência (no que remete absolutamente à Quentin Tarantino), os seus personagens em direção à explosão que será inevitavelmente deflagrada.
O resultado é bala para todos os lados, com pessoas rastejando todo o tempo num tiroteio insano e caótico que domina o galpão onde tudo se passa.
“Free Fire” não é, e nem quer ser, mais que isso. Seu cenário é rigorosamente o mesmo em suas aflitivas uma hora e meia de duração, e ele não tem pretensões de aprofundar qualquer drama acerca de seus personagens a não ser a intenção desesperadora de todos em escapar ileso de lá. É uma cena que num outro filme policial qualquer renderia uma seqüência editada de forma genérica, mas que aqui seu diretor se atreve a potencializar num filme inteiro. Ele exagera no número de personagens –pelo menos, metade deles são bastante desinteressantes, e certamente Brie Larson consegue ofuscar a todos –e força a barra numa ou noutra situação, mas, parece jamais perder a completa noção de qual tom é mais adequado a este filme.
E o que ele impõe aqui é aflitivo, visceral e envolvente.

Um comentário:

  1. Obrigado pela resenha, Cillian Murphy é um excelente ator. Adoro muito os filmes, sobre tudo os que tem ótimas histórias, ancho que o trabalho de Cillian Murphy e bom, sempre escolhe projetos com um bom elenco e roteiro, é um profissional e em cada uma das suas obras me deixa hipnotizada com o seu grande talento em a Dunkirk, é uma obra prima. Ancho que é umo dos mehores filmes do ator Cillian Murphyy, seu personagem exige muito esforço e talento também o ritmo do filme foi muito ameno, acho que é um filme que impacta todo o público.

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