sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Maria Cheia de Graça

A jovem Catarina Sandino Moreno (agraciada com uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz) impressiona por sua firme presença em cena neste filme independente de grande simplicidade, mas muito bem conduzido.
Ela vive Maria, uma jovem colombiana de classe média-baixa que, como todas as jovens, alimenta o sonho de ir para os EUA atrás de uma melhor qualidade de vida.
O fato de engravidar de um namorado, apesar da ocasional relutância, só potencializa ainda mais esse ideal. A oportunidade de fazer sua sonhada viagem surge assim de forma ilícita e perigosa: Ela pode integrar um grupo de mulheres usadas como "mulas"; são jovens que ganham dinheiro, e a chance de migrar para a América, desde que cruzem a fronteira com uma certa quantia de drogas escondida dentro de seu estomago(!).
Ela decide encarar o desafio junto de uma amiga e de outra desconhecida que se diz já acostumada a essas viagens. E serão esses percalços o relevo constante que consolidará toda a trajetória da narrativa.
Da insegurança paralisante experimentada ainda em casa, passando pela tensão insolúvel durante todo o entrecho no aeroporto e no vôo que se segue a ele (e até mesmo depois, numa rápida e brutal seqüência), o diretor Joshua Marston narra esse conto despido de qualquer natureza regional, e sim com um viés de compromisso global, e mantém sua câmera atenta às mínimas alterações do expressivo rosto de Catarina, onde fica perfeitamente registrado que, esteja ela onde estiver, Colômbia ou EUA, as coisas nunca serão tão simples.
Contudo, a jornada de sua protagonista é menos em direção é um local específico (EUA), e mais em direção á um estado de espírito que está em nenhum outro lugar senão dentro dela própria: Onde Maria, ao descobrir-se mãe de fato (da mais inusitada e arriscada das formas) encontrará em si mesma uma certeza e uma capacidade de auto-afirmação que antes pareciam impossíveis germinar naquela titubeante moça do início do filme.

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